sexta-feira, 30 de março de 2012

Máximas dos Acidentes Aéreos

- Uma tempestade não derruba o avião;
- Um mau piloto dificilmente conseguirá espatifar sua aeronave no solo;
- Falhas Mecãnicas quase sempre são descobertas a tempo;
- É a combinação de vários fatores ao mesmo tempo e no mesmo voo que gera tragédias aéreas;
(Revista Placar, Março 2012)

O medo de voar continua o mesmo...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Família espera entrega do navio João Cândido


JC / Economia, 28/03/2012
INDÚSTRIA NAVAL Os parentes do líder da Revolta da Chibata também aguardam a indenização reparatória aos marinheiros que participaram da insurreição em 1910
Adriana Guarda - adrianaguarda@jc.com.br

Os parentes de João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, que dá nome ao primeiro petroleiro construído em Pernambuco, aguardam com ansiedade a entrega do navio à Transpetro. Em 2010, quando a embarcação foi lançada ao mar, também se comemorava o centenário da revolução. A expectativa da família era que a data comemorativa e a movimentação política em torno da embarcação servisse para pressionar o governo federal a pagar uma indenização reparatória aos marinheiros que participaram da insurreição em 1910. Até agora, nem o navio saiu, nem o pagamento foi feito.

Aqui no Rio não temos muita informação do que aconteceu com o navio João Cândido. O que sabemos é que ele teve problemas e continua no Estaleiro Atlântico Sul, diz Adalberto Cândido (o Candinho), caçula dos 11 filhos que o almirante-negro deixou de seus três casamentos. Candinho participou da cerimônia de batismo e lançamento ao mar do petroleiro em maio de 2010, convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nossa torcida é para que o petroleiro seja entregue à Transpetro e leve o nome do meu pai pela costa brasileira afora. Com isso, pelo menos se concretizaria à homenagem a ele, já que continuamos esperando o julgamento sobre a indenização reparatória, completa Candinho, lembrando que a Prefeitura de São João de Meriti (Rio) local da última moradia de João Cândido - também está prestando uma homenagem ao herói negro dos mares brasileiros, com a construção de um museu e uma biblioteca.

Especialista em Revolta da Chibata, o pesquisador carioca Marco Morel comenta que os problemas com o petroleiro João Cândido carregam um simbolismo triste. No aniversário de 84 anos do almirante-negro, um grupo de colegas da Marinha levou para ele um bolo de um metro em formato de navio. Como a casa dele ficava num barranco de difícil acesso, a pessoa que carregava o presente se desequilibrou e o bolo caiu e quebrou. Quando foram explicar ao aniversariante o que tinha acontecido ele disparou: Não se preocupem. Tudo comigo é assim...Difícil. Isso se aplicaria ao navio pernambucano, diz Morel.

João Cândido se alistou na Marinha quando tinha apenas 15 anos. Depois do episódio da Revolta da Chibata (rebelião dos marinheiros contra os castigos físicos praticados a bordo dos navios da Marinha), ele foi expulso da corporação e nunca recebeu indenização ou qualquer benefício. Acabou virando comerciante de peixe no rio e viveu momentos de extrema pobreza. Em 2008, os marinheiros que participaram da insurreição foram anistiados pelo governo, mas não receberam qualquer indenização.

Ficamos entristecidos com as notícias de problemas com o navio que leva o nome do nosso herói. Queremos que ele vá singrar mares para materializar ao menos essa homenagem, reforça o sobrinho-neto do marinheiro que leva o mesmo nome do tio-avô João Cândido. A estimativa é que existam hoje 200 descendentes do líder da Revolta da Chibata.

sábado, 24 de março de 2012

Desenvolvimento social em Suape preocupa


JC / Economia, 24/03/2012

REFINARIA Desde 2009, Petrobras e UFPE discutem projeto para minimizar impactos da migração provocada pelo empreendimento, que amplia demandas por saúde e moradia

A boa notícia dos 3 mil empregos na Refinaria Abreu e Lima também é, em outra perspectiva, motivo de preocupação social. O número de 43 mil trabalhadores na obra significa trazer para a região do entorno de Suape, o equivalente a metade da população do município de Ipojuca. Desde 2009, a Petrobras e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) discutem o projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape, mas só agora a iniciativa começa a sair do papel.

A proposta, dividida em oito ações, é minimizar os impactos negativos da migração provocada pelo empreendimento, que aumenta as demandas sociais, desde moradia, saneamento e serviços de saúde, passando por violência sexual, gravidez na adolescência e violação de direitos.

Quando o projeto foi elaborado, em 2009, o número de trabalhadores projetado para a obra era de 20 mil pessoas. Agora esse número mais que dobrou e ainda pode crescer. O ideal era que o programa estivesse em plena operação exatamente agora, quando a obra vai entrar no seu pico de mão de obra, mas foi difícil unificar a linguagem jurídica de tantas instituições, observa o responsável pelo projeto Diálogos no Instituto Papai, Ricardo Castro.

Nos bastidores, a informação é que uma das dificuldades do projeto foi encontrar quem financiasse a iniciativa. Na obra da Refinaria Abreu e Lima, a Petrobras é obrigada a aplicar R$ 130 milhões (0,5% do valor total do investimento, que é de R$ 26 bilhões) em ações ambientais, mas não está previsto nada para a área social. Por isso foi preciso buscar parcerias com as empreiteiras que têm contrato na obra e até com a PetroquímicaSuape (empreendimento que também pertence à Petrobras, mas tem recursos para usar na área social).

Apesar de serem as principais responsáveis pela migração de trabalhadores, alojando operários de todos os Estados do Brasil para tocar as obras, muitas das empreiteiras não se convenceram a financiar o projeto Diálogos. Não é difícil perceber o aumento das demandas sociais nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, que recebem a influência direta do empreendimento. Alojamentos gigantes de trabalhadores se multiplicam na região e casas de veraneio e pousadas se transformaram em repúblicas de trabalhadores.

Uma das primeiras regiões a serem beneficiadas pelo projeto Diálogos será o balneário de Gaibu, no Cabo. O presidente da associação local de moradores, Crélio José da Silva, tem se queixado que a região virou uma "terra sem lei". Os nativos e os veranistas sumiram e para o lugar deles chegaram os forasteiros, diz.

A previsão é que a partir deste mês comecem as ações de pesquisa e contratação de profissionais para o projeto, que tem duração de dois anos. (A.G.)

Refinaria contratará mais 3 mil


JC / Economia, 24/03/2012
SUAPE Profissionais das áreas de instrumentação, eletroeletrônica e controle de sistemas serão demandados nesta fase da obra
Adriana Guarda - adrianaguarda@jc.com.br

Nos próximos três meses, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest) vai contratar mais 3.000 trabalhadores para a construção e montagem do empreendimento, no Complexo de Suape. O recrutamento será feito pelas 14 grandes empreiteiras contratadas pela Petrobras para tocar a obra. Os novos operários vão se juntar a um time de 40.000 pessoas que hoje batem crachá na unidade de refino. Com as contratações, a Rnest alcançará seu pico de mão de obra (43 mil pessoas), que deverá se manter nesse patamar durante um ano.

O presidente da Rnest, Marcelino Guedes, diz que na atual fase da obra serão recrutados profissionais das áreas de instrumentação, eletroeletrônica e controle de sistemas. “Nessa etapa, provavelmente vão aumentar as contratações de pessoal de fora do Estado, porque Pernambuco não tinha tradição de montagem desse tipo de empreendimento”, observa.

Hoje, 60% dos operários são pernambucanos, mas a proporção deverá se inverter, com um aumento de migração principalmente da Bahia, de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e o Senai oferecem cursos técnicos nas áreas que serão demandadas pela refinaria. A dificuldade é que as contratações vão acontecer a curto prazo.

Apesar da procura por profissionais mais especializados, os pernambucanos não devem desistir, porque além das novas vagas, as empreiteiras estão sempre precisando de profissionais por conta da rotatividade. Empresas e consórcios como Conest (integrado pelas construtoras Odebrecht e OAS), Alusa, Camargo Corrêa, Ipojuca Interligações e outras costumam ter escritórios no Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca, onde recebem currículos quando estão precisando de mão de obra.

STATUS DA OBRA

A Refinaria Abreu e Lima é um dos maiores canteiros de obras do País. Uma média de 5 mil veículos circulam por dia no local e 80 mil refeições são servidas aos funcionários. Todos os meses, a Petrobras desembolsa R$ 800 milhões para a obra. Para efeito de comparação, o valor é suficiente para construir uma indústria do porte da Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), anunciada em Goiana com investimento de R$ 770 milhões.

Até o final deste ano, começam a entrar em operação algumas partes da refinaria, como a Estação de Tratamento de Água e a Casa de Força. No início de 2013 deverá estar concluída a Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), responsável por transformar o petróleo em produtos derivados.

O primeiro barril de petróleo só deverá ser processado no primeiro trimestre de 2014, marcando oficialmente o começo da operação da refinaria.

domingo, 11 de março de 2012

Empresa local à margem da Petrobras

JC/Economia, 11/03/2012
NEGÓCIOS Existem em Pernambuco cerca de 8 mil empresas do setor industrial. Apenas 99 são fornecedoras da estatal de petróleo
Adriana Guarda - adrianaguarda@jc.com.br

Que empresa não quer entrar para o time de fornecedores da Petrobras e turbinar seu negócio com um cliente desse porte? Mas é preciso percorrer um longo caminho até atender às exigências da estatal e exibir, como um merecido troféu, o chamado Certificado de Registro de Classificação Cadastral (CRCC). Ele é o passaporte para começar a vender produtos e serviços à petrolífera. Em Pernambuco, apenas 99 empresas conseguiram a certificação. O número é pequeno, diante de uma base de 8 mil companhias somente no setor industrial.

A necessidade de inserir as empresas pernambucanas como fornecedoras da cadeia de petróleo e gás, naval e offshore é repetida como um mantra entre as lideranças e empresariais e o governo do Estado, mas essa inserção se dá num ritmo lento. Desde 2005, a Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) criou uma Divisão de Petróleo e Gás. Dois anos depois, surgiu no Estado a RedePetro, comandada pelo Sebrae.

“O primeiro desafio é enfrentar a questão cultural. Pernambuco tomou um susto com a estreia desses novos setores no Estado e demorou a cair a ficha. Apesar de a RedePetro ter sido lançada há cinco anos, ainda estamos catequizando os empresários e engatinhando como fornecedores”, dispara o gestor do Programa de Petróleo, Gás, Naval e Energia do Sebrae, Paulo Magalhães.

A RedePetro é uma associação de empresas que querem se qualificar para virar fornecedoras da Petrobras. A rede existe em 16 Estados onde a Petrobras tem operações. O presidente da RedePetro em Pernambuco, Otávio Carvalho, diz que a entidade conta hoje com 68 associados. São empresas dos mais diversos setores, que vão de confecções, passando por fretamento de transporte, caldeiraria, metalmecânica e tantos outros.

Apesar de existir desde 2007, até agora, apenas 8 associados conseguiram obter o CRCC e outras duas a certificação de registro local. A diferença entre as duas é que o CRCC permite o fornecimento de bens e serviços em todo o território nacional, enquanto a outra se limita ao âmbito do Estado. A diferença também está na complexidade, que é maior para o CRCC.

O presidente da RedePetro concorda que o número de empresas certificadas ainda é pequeno, mas afirma que é necessário um longo processo de qualificação das empresas para se enquadrar às exigências e conseguir fornecer. A meta da rede é num intervalo de médio prazo (que eles não quantificam) pelo menos 50% das empresas da rede consigam a certificação.

Certificação é alvo de crítica
No final do ano passado, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a política de conteúdo nacional da companhia. A proposta é aumentar a participação das empresas brasileiras como fornecedoras. No ano passado, o cadastro corporativo de fornecedores totalizava 5.300 empresas qualificadas. O número representa um crescimento de 10% na comparação com o ano anterior e a expectativa para 2012 é avançar sobre esse percentual. Entre 2003 e 2011, o índice de contratação de empresas brasileiras nos projetos de petróleo e gás da companhia saltou de 57% para 80%.

Em Pernambuco, a Petrobras inaugurou, em setembro último, um Posto de Atendimento Fixo (PAF) para atender usuários ou candidatos a ingressar no cadastro. Além desse posto, o Sebrae também mantém uma unidade na sua sede. Apesar do interesse da Petrobras de aumentar o rol de fornecedores, muitas empresas reclamam das exigências para obter o Certificado de Registro de Classificação Cadastral (CRCC). O processo demora pelo menos um ano.

O caminho é longo. As empresas precisam passar por cinco critérios de avaliação, que mapeiam toda a companhia, desde aspectos econômicos, legais e técnicos, passando por questões de saúde, meio ambiente, segurança operacional e gestão, explica o gestor do Programa de Petróleo, Gás, Naval e Energia do Sebrae, Paulo Magalhães.

O CRCC não garante nada. Minha empresa atendeu todas as exigências faraônicas para conseguir o certificado e quando ia fechar o contrato a Petrobras disse que a nossa certificação não servia para o produto que queríamos vender. Assim fica difícil. É um grau de dificuldade muito grande, diz um empresário que preferiu não se identificar, com receio que a queixa dificulte as negociações com a companhia.

Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria Metalmecânica de Pernambuco (Simmepe), Sebastião Oliveira, circulam duas versões no Estado sobre o programa de fornecimento para a Petrobras. A dificuldade de obter o cadastro é inegável, porque o nível de exigência é alto, mas sobre quem tirou o cadastro não conseguir fornecer, cada empresa conta a sua história, diz.

Quem comemora a obtenção do certificado é a microempresa WT, que fornece serviços de manutenção de redes elétricas de alta tensão. O empresário Márcio Bourbon conta que demorou oito meses para conseguir a certificação. A boa notícia é que com o CRCC a empresa conquista um padrão nacional e até mundial de fornecimento, analisa.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Refinaria pouco pernambucana


JC/Economia, 09/03/2012
DISTORÇÃO Investimento está sendo tocado em Suape, mas Estado tem dificuldades em fornecer gente, produtos e serviços à Petrobras
Adriana Guarda - adrianaguarda@jc.com.br

Quem teve a oportunidade de assistir a qualquer palestra do presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, invariavelmente ouviu ele repetir o mesmo discurso. "Não basta ter uma refinaria em Pernambuco. É preciso colocar Pernambuco dentro da refinaria". Por enquanto, o impacto da frase de efeito é maior no meio político do que na prática. Dos cursos de qualificação profissional para o setor de petróleo e gás no Estado, pouco mais da metade (57%) foi realizado. A distância entre a Petrobras e Pernambuco não se limita à mão de obra. Da base de empresas pernambucanas (8 mil só no setor industrial) apenas 99 conseguiram se cadastrar como fornecedoras da estatal.

O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) é o exemplo mais emblemático de como a inserção de Pernambuco no cobiçado setor segue em ritmo lento. Ninguém imaginava que o processo seria simples, porque estamos fazendo nossa estreia nessa indústria. Mas é preciso ter senso crítico para perceber as distorções. A própria Petrobras não contrata os alunos que saem do programa, afirma um empresário que preferiu ter seu nome preservado.

Os ciclos do Prominp começaram desde 2006 e esbarraram numa série de problemas. Um deles foi a falta de pessoal qualificado no Estado, que conseguisse passar nas provas de português, matemática e raciocínio lógico. O governo do Estado precisou criar um programa emergencial de reforço de escolaridade nas duas disciplinas para preparar os candidatos às vésperas do exame. Percebendo a dificuldade, o Prominp baixou para dois a nota mínima de classificação na prova. O baixo nível de escolaridade fez com que 19,2% das vagas deixassem de ser preenchidas no 4º ciclo (2009/2010) e 28% no 5º ciclo (2010/2011).

Além disso, tem a lentidão da própria Petrobras na execução do programa. O resultado da seleção para o 5º ciclo foi divulgado no final de 2010 e as aulas só começaram em maio de 2011. De lá para cá, apenas 16% dos cursos foram realizados e outros 7% estão em andamento. O gerente de Capacitação profissional da Indústria da Petrobras, José Renato de Almeida, afirma que o ciclo será concluído em meados do segundo semestre e que a demora foi motivada pela falta de capacidade das instituições de ensino contratadas para ministrar as aulas. No mercado, a informação é que a Petrobras abriu um processo de licitação para contratar a empresa que opera o Prominp e o programa ficou em banho-maria. Os cursos do Plano Setorial de Qualificação (Planseq) para o setor de construção civil industrial também não foram concluídos. A assessora de Políticas Públicas da Superintendência Regional do Trabalho, Neide Belém, diz que os convênios estão em quarentena desde o final de 2011 por conta de denúncias de irregularidades em alguns programas.

sábado, 3 de março de 2012

Refinaria gastou todo crédito


JC/Economia/03/03/12 - BALANÇO Desde novembro que Petrobras, dona da obra, é a única repassadora de recursos e não conta mais com as verbas do BNDES
Por Adriana Guarda -adrianaguarda@jc.com.br

Acabou o dinheiro do BNDES. Desde novembro do ano passado, a obra da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape, passou a receber aportes únicos da própria Petrobras (dona do empreendimento). Até 2011, a unidade de refino estava utilizando recursos do contrato de financiamento de R$ 9,9 bilhões firmado com a instituição financeira em julho de 2009. As informações estão no Relatório Anual de Administração 2011 da Abreu e Lima, publicado ontem.

Os aportes próprios da Petrobras no projeto remetem novamente à discussão sobre a participação da Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA) como sócia do empreendimento. Até agora, a estatal venezuelana não desembolsou um bolívar sequer na obra e também não apresentou as garantias exigidas pelo BNDES para o empréstimo-ponte de R$ 9,9 bilhões do qual participaria com 40%.

Em fevereiro, o ministro venezuelano do Petróleo Rafael Ramírez afirmou que a PDVSA espera concretizar sua participação na Abreu e Lima até o dia 31 de março. Apesar das idas e vindas, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, diz que a companhia venezuelana poderá entrar como sócia até a refinaria começar a funcionar. O cronograma prevê o ano de 2013 com partida da unidade de refino.

No exercício de 2011, a Petrobras aportou R$ 1,7 bilhão na refinaria. E em dezembro do ano passado, o capital social da empresa era de R$ 2,9 bilhões. A Abreu e Lima é um investimento de R$ 26 bilhões. A unidade tem capacidade para processar 230 mil barris de petróleo por dia. Esse volume é equivalente a 11% da capacidade atual de refino do País.

Como define o presidente da Rnest, Marcelino Guedes, que costuma brincar, a unidade será uma espécie de fábrica de óleo diesel, uma vez que 70% do petróleo será destinado para o produto. Quando entrar em operação, vai gerar 1.500 empregos diretos e hoje conta com mais de 35 mil funcionários na construção e montagem.

No Relatório de Administração, a Petrobras considera 2011 como o ano de consolidação da implantação do empreendimento, embora o exercício também tenha sido marcado por greves de operários, inclusive com incidentes de violência. O documento afirma que as obras ganharam velocidade e mudaram a paisagem do empreendimento, que atingiu cerca de 50% de execução física. A obra já se parece com uma unidade de refino, com a estrutura ganhando forma com seus tanques, dutos, vasos, torres, fornos e equipamentos. Na área de estocagem, está concluída a construção de 14 tanques do sistema de tratamento de água, além de três tanques de água bruta e as interligações com a rede da Compesa.

O balanço comemora, ainda, a realização de testes no maior tanque de armazenamento de petróleo do Brasil (com capacidade para 700 mil barris) e a instalação de dutos de interligação entre a refinaria e o Porto de Suape para a recepção do óleo bruto e saída dos derivados.

No item em que trata das contribuições para a sociedade, a Petrobras destaca ações que estão com cronograma de execução bastante atrasado. É o caso do projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape, que teve seu escopo concluído, mas vem sendo discutido desde 2009. A proposta do programa é mitigar os impactos provocados pela presença de 35 mil operários gerando demandas sociais nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. A ideia era orientar a população e os trabalhadores sobre temas como violência contra a mulher e gravidez na adolescência.