quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rnest avançou com Foster


JC / Economia, 21/11/2012

Apesar de engessadas, as obras da Rnest são consideradas como exemplo de avanço da gestão Graça Foster na Petrobras pelo governo federal. Com seu valor global multiplicado por nove desde o início do projeto, em 2005, a refinaria passou de 55% de execução, patamar verificado em abril, para 64% em setembro. Graça informou no início do ano que a venezuelana PDVSA tem prazo até este mês para decidir se vai se tornar sócia da brasileira no projeto.
O investimento na obra da Rnest, segundo balanço do PAC, será de R$ 25,5 bilhões de 2011 até 2014, e depois dessa data serão investidos mais R$ 320,3 milhões. No total, a previsão é que a refinaria custe US$ 20,1 bilhões, segundo o Plano de Negócios da Petrobras para o período 2012-2016.
Outros exemplos positivos, segundo o olhar oficial do Palácio do Planalto, foram os do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), e até mesmo a recém-iniciada refinaria Premium 1, no Maranhão. A única que ainda não saiu do papel foi a Premium 2, a ser instalada no Ceará, que poderá utilizar o Regime Diferenciado de Contratação e, por este motivo, não teve seu valor divulgado no 5º Balanço do PAC 2, justificou o governo.
Com hábito de visitar as obras, ou enviar diretores para fiscalizar seu andamento, Graça fez com que o Comperj saltasse de 30% da obra concluída no quarto balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), feito em abril, para 41% na quinta versão do balanço até setembro, divulgado na última segunda-feira pelo governo. Pelas contas do PAC 2, o Comperj ainda receberá investimentos de R$ 17,5 bilhões até 2014 e mais R$ 3,2 bilhões após essa data.

Greve (da Refinaria e PQS) não mancha Suape


JC/ECONOMIA, 21/11/2012

Diretores da secretaria estadual de Planejamento e de Suape realizaram, ontem pela manhã, o Fórum Suape Global divulgando Suape como o grande ambiente de atração de empresas e negócios em Pernambuco. O evento foi realizado em uma sala do Hotel Transamérica no Pina, enquanto o complexo industrial e portuário passa por um grande momento de tensão, com uma greve dos trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e da Petroquímica Suape (PQS) que se tornou um impasse difícil de resolver.
Iniciado há dois anos, o Projeto Suape Global pretende atrair companhias para produzir localmente bens e serviços nas áreas de petróleo, gás, naval e offshore. "O evento já estava programado antes da greve e a única consequência que isso nos trouxe foi a ausência do presidente da Rnest, Marcelino Guedes. Suape continua muito atrativo para as empresas", disse Roberto Abreu e Lima, que acumula os cargos de secretário executivo de Desenvolvimento e de presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico (AD-Diper).
Ainda no evento, o presidente do Fórum Suape Global, Sílvio Leimig, fez um balanço dos dois anos da iniciativa que atraiu 27 empresas com um investimento de US$ 1,7 bilhão no território estratégico de Suape, gerando 13 mil empregos. "Greves ocorrem em qualquer lugar, principalmente quando envolvem 50 mil trabalhadores. Isso não traz consequências para a imagem de Suape", argumentou.

Operários (da Obra da Refinaria) barrados em Brasília


JC/ECONOMIA, 21/11/2012

Sem levar propostas novas para encerrar a greve em Suape, sindicato sequer foi recebido pelo ministro Brizola Neto

Propalada a milhares de operários, a reunião que deveria ajudar a colocar um ponto final na greve de 23 dias das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e PetroquímicaSuape (PQS) não aconteceu. O encontro, que seria realizado no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília, foi derrubado pela equipe do ministro Brizola Neto. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada em Pernambuco (Sintepav-PE) não foi recebido por não ter levado nenhuma proposta nova de acordo com os patrões, conforme informou a assessoria de imprensa da Força Sindical no Estado.
Sem avanço formal, a paralisação se arrasta por mais um dia. Enquanto isso, as empresas aproveitaram o desgaste para anunciar que 70% dos 54 mil operários foram ao trabalho ontem, no intuito de divulgar um enfraquecimento do movimento.
Desde a manhã da última segunda-feira, quando foi anunciado em assembleia aos trabalhadores que haveria a reunião, o MTE afirmava desconhecer oficialmente a realização do encontro. A Petrobras manteve silêncio absoluto e o Sindicato Nacional das Indústrias de Construção Pesada (Sinicon) afirmou que em nenhum momento havia sido convocado à Brasília. Procurado pela reportagem, o presidente do Sintepav-PE, Aldo Amaral, comentou que "não havia novidades", evitando se alongar nos comentários.
A briga que começou pela equiparação salarial entre funcionários de mesma função, mas de empresas diferentes, aos poucos começa a dar lugar a outras reivindicações, surgidas a partir da intensificação da greve. O foco agora é reintegrar cerca de 800 operários demitidos desde que a paralisação foi deflagrada. Além disso, o Sintepav-PE defende que nenhum dia dos dias parados seja descontado dos contracheques dos trabalhadores.
A greve já foi julgada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região. O ministro Brizola Neto e o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) tentaram, sem sucesso resolver o impasse. Além disso, os ânimos de trabalhadores foram inflados contra a atuação da Polícia Militar de Pernambuco, acusada pelos sindicalistas de estar "servindo os patrões".
Desde o começo de 2011, quando as greves viraram rotina na Rnest, já são contabilizados quase 90 dias sem obras normais na refinaria. Isso fez com que o empreendimento andasse devagar, estando 64% pronto, segundo balanço da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O objetivo é que atinja 69% em dezembro. Essa previsão foi feita antes da atual paralisação. A Petrobras espera que a primeira etapa da Rnest comece a operar em novembro de 2014.

domingo, 18 de novembro de 2012

A decência

P/Tadeu Alencar, em Opinião JC, 18/11/2012

Fui criado num ambiente que sempre respeitou a hora da refeição. Meu pai costumava dizer: a hora da refeição é sagrada. Nada de barulho, de assuntos controvertidos, nem doenças, nem boatos. Tempo bom de regras saudáveis, de civilidade, de vizinhança, do sal emprestado, tempo de alvoradas, tempo de fio no bigode, tempo de bengalas.
Retirar o chapéu ao entrar na igreja, praticar o silêncio diante dos mortos, a reverência certa diante dos vivos foram lições aprendidas no cacoete das gerações. Conduta na vida e na morte é necessária. Respeitar-se o dinheiro público, lealdade nos negócios e honestidade de propósito é como devem ser regidas as relações entre os homens.
Aprendi com meu pai, um homem simples, que a maior ventura na vida é ser altivo, firme sem destemperos, lhano sem concessões às vacilações de qualquer espécie, cônscio de que se fez por merecer a confiança dos seus contemporâneos. Nada de conversas esquivas, ambíguas, maledicências, rapinagens de qualquer espécie. Nada de olhos revirando com concupiscência, nada de favores excessivos, presentes exageradamente generosos.
Sociáveis e sem preconceitos devemos precavermo-nos com os que entram sem bater ou com os que batendo saem a porta.
Nada de ladrão de cavalos.
Devemos evitar os que espreitam atrás das portas para ouvir segredos de que não são merecedores ou os que violam a intimidade das correspondências ou a sacralidade dos confessionários. São capazes de toda vilania.
A esperteza é um defeito do caráter, pois não se confunde com a astúcia ou com a perspicácia. Gosto dos que dão estatura aos cargos, não dos que se servem dos cargos para ter estatura. O ofício público é uma atividade nobre, mas é em privado que praticamos a virtude, que é planta criada em cativeiro.
Recebi lições de que é importante poupar um pouco da renda, represar as águas para os tempos de estio, plantar árvores, proteger velhos e crianças e defender os pobres, qualquer um que esteja em desvantagem, pois devemos diminuir a distância entre o homem e sua inexplicável soberba. Justiça e igualdade são proto-princípios.
Aprender que a hora da refeição é sagrada preparou-me para a vida. Deu-me olhos de ver que é preciso exercitar a virtude, como qualquer outro músculo do corpo, pois que ela é qualidade que se desintegra quando ociosa ou que se torna flácida quando sedentária.
A avenida da história não é um palco para as miudezas, para gestos curtos, para a pilhagem muitas vezes travestida de ofício regular. Por isso precisamos educar as crianças para sorrirem apenas porque é um dia de sol, ou apenas porque chove, não porque precisam dissimular simpatia. Devemos convencer a juventude de que é importante perseverar e ter esperança. A vida está repleta de motivos.
Parece que vivemos tempos de selvageria, de modos impróprios à mesa - a gordura escorrendo pelos cantos da boca, lambuzando o indefeso avental. Tempos de duelo sem luvas, sem punhos, sem renda, de uma guerra sem regras.
Conheci pessoas extraordinárias que tinham um brilho no olhar como os fanáticos. Um ar de sonho como quem conversa com o futuro, magnéticas na aproximação e, por isso, fascinantes. Estas são as fundamentais.
Outras, pelo barulho de hiena, quando riem ou quando falam, estão condenadas ao rodapé da história, ao ácaro dos ambientes fechados, à mera poeira sobre os livros.
Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Crise em Suape pede atuação da Petrobras (JC/Economia, 16/11/2012)


Estatal diz que o problema é entre consórcios e trabalhadores, mas sua participação, como contratante, é essencial

Diante do completo desgaste nas negociações entre empresas e 54 mil trabalhadores das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e PetroquímicaSuape (PQS), começa a defesa para que a Petrobras interceda no problema. A estatal, contratante das construtoras que erguem os dois empreendimentos, foi a única a não participar nas tentativas de resolução das greves que assolam os canteiros desde o começo do ano passado.
Até o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, veio pessoalmente a Pernambuco em um esforço para solucionar o caos que se instaurou nos dois maiores investimentos do Complexo de Suape. Entretanto, a Petrobras ora adota o completo silêncio ora opta pelo afastamento "diplomático".
Na última quarta-feira, logo depois de um confronto entre o Batalhão de Choque da Polícia Militar e trabalhadores e sindicalistas, o presidente da Rnest, Marcelino Guedes, apareceu no local e frisou que o problema era entre construtoras e operários.
"Nós conversamos todos os dias com as empresas contratadas e a orientação é manter o canal aberto com os trabalhadores", afirmou, em tom político, acrescentando que "nossa relação contratual é com as empresas".
Na opinião da economista Tânia Bacelar, o fato de terem um contratante em comum, no caso a Petrobras, deveria ser encarado como ponto positivo nos esforços para resolução dos problemas. "A saída é essa. A empresa pode dar algum apoio na negociação", comentou. Rnest e PQS são investimentos cruciais para o desenvolvimento econômico de Pernambuco. Ambas estão atrasadas segundo o cronograma inicial e sofreram reajustes em seus orçamentos.


Equiparação é a bandeira dos operários

Estopim da atual greve, que segue desde o dia 30 de outubro sem sinalização de final, a equiparação salarial entre funcionários de mesma função, mas empresas diferentes, encontra inúmeras resistências. A maior delas é da Petrobras, que, nos bastidores, bateu o pé para não conceder novos reajustes aos contratos, especialmente depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) fechou o cerco às elevações no orçamento da Rnest, multiplicado por dez desde 2005, sendo hoje estimado em R$ 26 bilhões.
Questionado sobre a possibilidade de pressão das empresas por mais aumentos, Marcelino Guedes despistou: "Isso é depois. Não vou pensar sobre hipóteses. Isso nós não avaliamos agora". Na prática, as construtoras descumpriram a convenção coletiva que determinava o nivelamento entre os salários após a realização de um estudo técnico em 90 dias, contados a partir do dia 1º de agosto. Isso fez explodir a segunda paralisação neste segundo semestre de 2012 na Rnest e PQS.
Em defesa, as construtoras alegam que o levantamento Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintepav-PE) não contou com a participação delas e que não foi levado em conta questões como tempo do funcionário na empresa, fator que eleva os vencimentos. Na ponta do lápis, o resultado do estudo assustou. Há diferenças de até 47% nos salários e a equiparação pelo teto, defendida pelo Sintepav-PE, elevaria a patamares jamais cogitados os custos com pessoal - principal gasto das empresas.
Enquanto as negociações estavam abertas, no começo desta semana, chegou-se a discutir a elaboração de uma média entre os salários das 32 categorias profissionais nas obras e adoção do resultado como novo piso nos canteiros. A proposta não vingou.




quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Sindicalistas reclamam de ação policial (Na greve da Refinaria e PQS)

Sindicalistas reclamam de ação policial - JC/Economia, 15/11/2012)




"Pai nosso que estais no céu... Livrai-nos do mal. E livrai-nos da Polícia Militar (PM) de Pernambuco", finalizou a oração o presidente do Sintepav-PE, Aldo Amaral, para, logo em seguida, colocar em votação a manutenção da greve na Rnest e PQS. As relações tensas entre operários e a polícia vieram à tona na última segunda-feira, a partir de denúncias formalizadas pelo deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-PE), e endossadas pelo ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Brizola Neto, também do PDT. Os sindicalistas denunciam perseguições e excessos, especialmente quando a PM atua determinando a volta aos postos de trabalho dos operários em estado de greve.
"O adesivo nas viaturas não deveria ser Pacto pela Vida e sim Pacto pelo Patrão", ironizou, ao microfone, um dos sindicalistas. "Vamos procurar o governador Eduardo Campos, pedir uma reunião para tratar disso. Isso é coisa que acontecia lá trás, na época da ditadura, e está voltando para o tempo atual. Isso não pode acontecer", completou Aldo Amaral. Enquanto seguia, em cima de um trio elétrico, pelas avenidas de Suape, o sindicalista recebeu uma ligação do ministro Brizola Neto que, segundo Amaral, se comprometeu a conversar oficialmente com o governador em exercício, João Lyra Neto.

RUMOS DA GREVE
Por cada dia sem trabalho, o Sintepav-PE terá que pagar uma multa de R$ 5 mil, já que a greve foi julgada ilegal. A entidade promete ingressar até amanhã, na Vara do Trabalho de Ipojuca, com ações para obter o cumprimento da convenção coletiva e obter a equiparação salarial.
Sobre os supostos excessos, a Polícia Militar (PM) diz, pela assessoria de imprensa, que não houve exagero. Para a PM, o fato de não haver registros de feridos ou agredidos no lado dos grevistas, mas do lado da Polícia, com uma viatura do 18º Batalhão de Choque com para-brisa estilhaçado, mostraria que os policiais apenas agiram para evitar excessos dos grevistas, dentro do canteiro de obras, que trariam riscos aos demais trabalhadores e ao patrimônio das empresas.
O ministro telefonou para o governador em exercício por volta das 13h, mas segundo a assessoria do governo estadual em nenhum momento se falou em excessos da polícia. A conversa foi só de monitoramento da greve. O Palácio informa que o papel do governo (e da PM) é monitorar e evitar excessos.
Em nota, o Sindicato das Indústrias da Construção Pesada-Infraestrutura (Sinicon) lamenta a "conduta irresponsável" do Sintepav-PE de não atender à decisão judicial de retomada da obra.
No comunicado, o Sinicon destaca ainda que não possui capacidade, ou qualquer forma de ingerência na atuação da PM, "que atuou visando assegurar a integridade dos trabalhadores e das pessoas presentes próximas às manifestações."

O Estado como refém (Greve da Refinaria Abreu e Lima)

Liderados pelo sindicato, operários descumprem ordem judicial, mantêm greve e entram em confronto com a PM - Felipe Lima - flima@jc.com.br (JC/Economia, 15/11/2012)




Embate com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, um "carnaval fora de época" pelas avenidas do Complexo de Suape e uma greve sem data para terminar. Teve de tudo na assembleia de ontem dos operários da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e PetroquímicaSuape (PQS). Parados há 16 dias, os trabalhadores expuseram o desgaste completo nas negociações ao decidirem manter uma paralisação que foi julgada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região. Sem mão de obra qualificada, o Estado virou refém dos frequentes movimentos em Suape. Com orçamentos estourados, obras cruciais para Pernambuco são postergadas em função da desordem institucional.
Operários com poder de pressão nunca antes visto cobram mais e mais. O sindicato da categoria que em movimentos anteriores não tinha controle sobre a massa, desta vez tomou as rédeas. Mas em vez de cumprir a ordem judicial e mandar os operários de volta ao trabalho, resolveu realizar uma assembleia para decidir se a sentença do TRF deveria ou não ser obedecida. E as empresas, sem capacidade de barganha porque não têm como substituir mão de obra tão instável, tentam mostrar força. O propalado desenvolvimento econômico de Pernambuco fica ameaçado.
O movimento de ontem ainda institucionalizou um confronto político entre sindicalistas e as autoridades policiais do Estado. Por volta das 7h, a assembleia sequer tinha começado e já dava sinais de enfrentamento. Membros do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem no Estado de Pernambuco (Sintepav) bradavam, em cima de um trio elétrico, inúmeras frases de efeito. "Patrão, sua obrinha vai ficar parada", "recado para os pelegos: preparem o lombo", e "a gente vai comandar Suape". Com um número expressivo de operários já dentro do canteiro, o que esvaziava a assembleia, o presidente do Sintepav-PE, Aldo Amaral, convocou os trabalhadores que estavam do lado de fora a entrarem pacificamente na obra para arregimentar companheiros.
O grupo não chegou a 100 metros da portaria da refinaria. Foi recebido com balas de borracha e bombas de efeito moral do BPChoque. Em meio à debandada, operários retribuíram os ataques lançando pedras e paus. A reação policial inflou o sindicato. Deu-lhe o discurso que procurava. Rapidamente a assembleia aprovou a manutenção da greve por tempo indeterminado.
O próximo encontro entre Sintepav e operários será na próxima segunda-feira. Até lá, Rnest e PQS permanecem paradas. Na portaria principal da refinaria, o presidente do empreendimento, Marcelino Guedes, observava, atrás do pelotão, todo o movimento. "A Petrobras determina manter sempre aberto o diálogo. É um valor da empresa e, por isso, não podemos permitir uma invasão da refinaria", disse, justificando a ação do BPChoque. Sobre a argumentação do Sintepav de que desejava um movimento pacífico, Guedes retrucou: "Temos que impedir a entrada desordenada."
Considerando a paralisação atual e as anteriores, já são 80 dias sem atividades na principal obra de Pernambuco (veja arte). Isso do final do ano passado até agora.
Selada a greve, o Sintepav organizou uma passeata até a PQS. No percurso, sindicalistas dançavam reggae e "suingueira" ao lado do trio. Enquanto isso um grande engarrafamento começava a se formar no entorno do principal complexo industrial do Estado.