quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O que muda com a saída da PDVSA

JC / Economia, 25/09/2013

REFINARIA Petrobras desiste de parceria com venezuelanos e cortará custos na Abreu e Lima



A novela que se estende há 10 anos acabou. A Petrobras desistiu de esperar pela Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA) para integrar a sociedade na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em construção no Complexo de Suape. A petrolífera venezuelana teria 40% de participação e a estatal brasileira os 60% restantes. Sem acordo para a criação de uma empresa binacional, a Rnest deixará de ser uma subsidiária para se transformar em uma unidade de negócios. Na próxima segunda-feira, durante uma assembleia extraordinária, a Petrobras vai aprovar a incorporação da refinaria pernambucana dentro do Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop). Além da Rnest, a lista também inclui o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Sociedade Fluminense de Energia (SFE). 

Na prática, a incorporação da Rnest vai permitir um enxugamento da estrutura e a redução de custos. Hoje, a refinaria conta com o organograma completo de uma empresa, com presidente e diretores, conselhos de administração e fiscais próprios e obrigação de publicar balanços separados. Pela nova estrutura, o empreendimento terá um gerente geral que responderá à Petrobras. Procurado pela reportagem do JC, o presidente da Rnest, Marcelino Guedes (no cargo desde agosto de 2008), informou que qualquer assunto relacionado à PDVSA deve ser tratado, a partir de agora, pela área corporativa do sistema Petrobras. Por meio de sua assessoria de comunicação, a estatal disse que não iria se pronunciar sobre a saída da PDVSA e a incorporação da Rnest.

Em conversas informais com a imprensa, Marcelino sempre deixou escapar que a missão dele aqui é construir e entregar a refinaria e depois voltar para o Rio de Janeiro. Funcionário de carreira da Petrobras, o engenheiro carioca atuava como diretor da Transpetro antes de assumir a Rnest. No mercado local, Marcelino é reconhecido como o mentor da estratégia de aumentar a participação das empresas locais e dos pernambucanos no empreendimento. As especulações dão conta que o cargo de gerente geral será ocupado por outro executivo.

Sócio da fluminense A&P Consultoria e especialista em petróleo e gás, Arthur Pimentel, acredita que a mudança será boa para o Brasil e para Pernambuco no médio e longo prazos. "Isso faz parte do plano da Petrobras de ter uma gestão corporativa mais competitiva. Além de reduzir custos, essa incorporação vai aumentar a velocidade das decisões e a ingerência da Petrobras sobre o empreendimento", observa. Do ponto de vista do projeto, a previsão é que sejam necessárias algumas adaptações. "A refinaria está orientada ao processamento de petróleo pesado. As As possíveis adaptações não terão muito mistério, porque o óleo venezuelano também é pesado", complementa Pimentel.

Em abril, o diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse que caso fosse confirmada a desistência da PDVSA, a adaptação necessária custaria algo em torno de 5% do total do projeto, estimado hoje em US$ 17 bilhões. Isso significaria um acréscimo de US$ 850 milhões no valor global.
Um executivo da Petrobras confirma que a Rnest vai se transformar em uma unidade de negócios, mas rebate a informação de que a PDVSA estaria fora. Diz que a mudança de modelo de gestão não impede o ingresso da petrolífera venezuelana. Apesar da possibilidade, a volta ao projeto está descartada. A empresa está em crise, sem conseguir realizar novos investimentos no parque de refino de seu próprio país, a política nacional está se reacomodando após a morte do presidente Hugo Chávez em março desse ano, a Petrobras não aceitou receber a parte da Venezuela em Petróleo e a PDVSA não conseguiu oferecer as garantias ao BNDES para entrar como sócia. 

A assinatura dos protocolos de entendimentos entre Brasil e Venezuela para a construção da Rnest completou 10 anos em abril. As tratativas não avançaram e a PDVSA não chegou investir um único dólar. Em março de 2012, a Petrobras já havia aplicado no empreendimento os R$ 9,9 bilhões financiados pelo BNDES e, a partir de então passou a fazer desembolsos do próprio caixa. A obra, que começou a ser construída em 2007, está com 80% de execução, 40 mil funcionários e previsão de processar o primeiro barril de petróleo em novembro de 2014

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O amor sem palavras

Por Tadeu Alencar, em JC/Opinião 30/08/2013

É bom o calor das multidões. Nas romarias de Juazeiro gostava de serpentear entre os nordestinos de chapéu de palha, que acorriam à meca de desassistidos e aventureiros em busca de um milagre. Menino curto gostava de ver os tipos, pois sempre entendi que as savanas são savanas porque existem os leões e as zebras. Não apenas porque são bonita paisagem. Homens de rosto curtido de sol, marcados pelos anos de estio, a barba hirta, olhos transidos de uma fé impotente. Roupas de algodão e de brim, alpercatas de couro curtido, como se o homem não fosse mais que um mero produto do seu meio. Também se viam muitas mulheres, austeras, mas sempre em bando, cobertas de pano, feito batinas femininas, como na Judéia, o lenço na cabeça vindo até o meio da testa, escondendo a metade das orelhas.
Olhava em torno, os olhos batendo no umbigo das pessoas e pensava que o mundo era aquela coleção de pernas de todas as cores e suas mãos crestadas.
Juazeiro era uma espécie de promessa para muitos, desde o tempo em que o Levita, com uma rara habilidade para extasiar multidões, pregava da janela de casa - privado que fora do púlpito -, para legiões de sertanejos que lhe acorriam, ávidos por uma bênção, qualquer bênção, nem que fosse tocar os panos sacrílegos de Maria de Araújo.
Como não havia hotéis populares, as famílias alugavam suas casas aos romeiros. Era uma festa para o meu espanto de menino, ver a confusão ordenada, aquela profusão de sacolas, toalhas penduradas nos punhos das redes, comida feita em caldeirões, redes em cima dos paus-de-arara, embaixo deles, por toda a parte.
Quando raiava a madrugada ouvia-se o crepitar do fogo sobre as pedras frias do quintal.
Com as horas, iam os romeiros girando a conta do rosário, a tagarelar nas feiras, em busca de quinquilharias, de modelos de terço, imagens de santos, utensílios de flandres e barracas de comida.
Para os olhos do menino de curiosidade infinita, aquela mistura de sotaques, de harmônicos dialetos, aquela entrega ao momento e a uma crença difusa em um mito escondido, fazia-me pensar que a vida se passa do mesmo jeito, em toda parte.
Os comerciantes, babando de ganância, onerando as tabuletas, explorando a sede e a fome dos penitentes forasteiros, chegando ao cúmulo de vender-lhes água.
Os vivaldinos, prontos a exercitar os seus finos bigodes contra a honra e a economia populares.
Os crédulos, dando alpiste à esperança. Uns, por fé mesmo, por não suportar o escuro, as névoas da grande pergunta. Outros, esperançosos, por sentirem que o amor existe e é universal. O amor é a conta de todas as coisas.
Assim também ocorrera com as procissões, em dias de fervor religioso, gostava de ver as beatas passarem, contritas, velas e terço na mão, cantando benditos, críveis, por quanto é sagrado, que pagavam a prestação de diminuto lote no céu.
Em uma das procissões, lembro que era domingo e que por cima da multidão a santa balançava no andor, com um ar piedoso e uma ponta de medo. Subi o nível dos olhos para o céu à minha frente. O azul do céu era um azul desmaiado, celeste, levemente escandaloso, um azul que dormiu e que, desperto, tem prazer em ver decorrer o dia e a vida seguir o seu curso inexorável. Enquanto passa a procissão, vejo crescer o meu corpo e meus pensamentos. Olho fixo como quem despe a coisa que se vê e vejo que a tarde cai e verte um cicio irresoluto.
Gosto das multidões porque elas se falam sem palavras, feito os amantes que se amam mesmo quando lhes cortam a língua. A multidão é o amor sem palavras

domingo, 25 de agosto de 2013

SUAPE: Indústria do petróleo é alvo de críticas

Do JC/Economia, 25/08/2013



O caminho do crescimento trilhado pela indústria de petróleo, gás e offshore é também o principal ponto das críticas contra o modelo de desenvolvimento econômico implantado no Litoral Sul. "O petróleo é uma indústria suja e do século passado", diz o professor da UFPE Heitor Scalambrini, especialista em energia. "Não existe risco zero em engenharia", argumenta, citando um estudo realizado pela Academia de Ciências dos Estados Unidos. "Atividades navais são responsáveis por 33% dos vazamentos de petróleo no ambiente marinho", alerta. Para ele, os tubarões na praia de Boa Viagem são apenas uma pequena parte dos efeitos colaterais de Suape. Os riscos de acidentes ecológicos tendem a crescer, à medida que a movimentação de óleo aumente no litoral pernambucano, quando a Refinaria começar a operar, no fim de 2014.

O professor classifica os estaleiros navais - a exemplo do Atlântico Sul, que já entregou dois navios, o Promar e o CMO, em construção - como uma indústria suja. Também critica a forma como a indústria de Suape alimenta sua produção. "O Brasil começou com leilões de termoelétricas (a partir do apagão de 2001) que geram energia a partir do óleo combustível", salienta. Além da TermoPernambuco, que faz parte desse sistema de segurança energética, a refinaria vai passar a operar outra térmica naquela região. Será a quarta. "Juntas, a TermoPernambuco, a UTE TermoCabo, a Suape II e a nova termelétrica da refinaria vão jogar mais de mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera quando em funcionamento", calcula.
A economista Tânia Bacelar, ressalva, no entanto, que esse é um problema "positivo". "É melhor ter essa indústria do que não tê-la", opina. Ela lembra que é importante para Pernambuco ter entrado na cadeia produtiva escolhida pelo Brasil para se desenvolver nos próximos anos e cujo o maior trunfo são os campos do Pré-sal. Além disso, o desenvolvimento industrial tem repercussões em toda a economia, como no setor de serviços.

A sua empresa, a Ceplan, presta consultoria para Suape, assim como inúmeros outros escritórios locais desenvolvem trabalhos para as indústrias que lá chegam. "Se não fosse isso, estaríamos buscando clientes em outros Estados", completa. Tânia Bacelar reconhece que ainda há muito a ser feito com relação à preservação ambiental daquela região, e destaca a importância de a sociedade ficar de olho nas atividades desenvolvidas no território. As recentes manifestações populares que aconteceram de forma pacífica no Recife não chamaram a atenção das autoridades sobre esse aspecto ambiental.
Com relação ao tema social, a professora destaca que as indústrias e os esforços de educação que estão em implantação, tanto do Estado como da própria indústria, podem salvar os filhos dos trabalhadores da cana, que durante séculos foram condenados à ignorância e à miséria da cultura canavieira. A nova geração da Mata Sul tem hoje, finalmente, uma opção.

Suape diante do desafio ambiental

Do JC / Economia, 25/08/2013



Demanda por preservação dos recursos naturais torna Porto mais receptivo ao diálogo e à busca de um modelo de desenvolvimento sustentável - Leonardo Spinelli -lspinelli@jc.com.br

Como fazem semanalmente às segundas-feiras, os pescadores da Colônia Z8 em Gaibu, praia do Cabo de Santo Agostinho, se reuniram para mais um debate sobre seu ofício. Nesse dia, início de agosto, a pauta tinha um quê de novidade. Estavam lá para debater propostas de convivência e compensação de impacto ambiental apresentadas ao Complexo Portuário e Industrial de Suape. Como contrapartida pelas obras de acesso de navios, o complexo é obrigado a propor soluções para evitar desequilíbrios ambientais. A reunião simboliza uma nova relação entre desenvolvimento econômico e preservação de ecossistemas. Não cabe mais aquele velho debate em que um e outro não se misturam. Daqui para frente, é planejar o principal instrumento do desenvolvimento industrial de Pernambuco - Suape - levando em conta aspectos que não podem ser descartados, todos eles relacionados ao meio ambiente.

Uma das ideias discutidas naquela reunião era instalar arrecifes artificiais, proposição que agrada à maioria dos pescadores. Os objetos afundados se transformam em berçários de peixes, cada vez mais raros por ali. A outra é organizar o chamado fundeio dos navios, definindo locais específicos para as embarcações estacionarem enquanto esperam sua vez de entrar no porto. Para os pescadores, gente que vive há décadas naquela região, Suape é um vizinho tão poderoso quanto incômodo. Suas atividades são estratégicas para a economia de Pernambuco, mas afastaram pescados e turistas da região. "Agora só tem funcionários por aqui e eles comem nas fábricas, não os nossos peixes", diz o presidente da Colônia, Laílson de Souza. Para os pescadores, a entrega do estudo marca uma mudança na postura de Suape, hoje mais aberto ao diálogo. Seria fruto também do amadurecimento deles próprios.

Há seis anos, o complexo intensificou ações, dinamitando corais que serviam de berçário para lagostas - pescado com rigorosas proteções à pesca. O interesse foi o de abrir caminho para navios cada vez maiores. Também aterrou mangue para instalação de indústrias. São efeitos colaterais de um "progresso brutal", como definem eles. Mas são também reflexos do desenvolvimento que gera renda e emprego para muitos.
Os pescadores aprenderam que não adiantava ficar parado e passaram a ser mais aguerridos em suas posições. Estudaram a região, passaram a se informar sobre o meio ambiente, aliaram-se a ambientalistas, buscaram a Justiça e até mesmo a ONU, em 2011, para denunciar desmandos.

"Suape não para", diz o pescador Ednaldo Rodrigues, conhecido como Nal. A frase resume o que os pescadores descobriram na prática. Não há como impedir um projeto tão importante para a economia do Estado, que já atraiu 105 indústrias para o local, 80 delas a partir de 2007. Já não há mais tempo para questionar o modelo de desenvolvimento econômico pensado para aquela região estuária, que, para o bem o para o mal, terminou com a vocação natural do turismo e da cultura da pesca e agricultura. Prevaleceu a indústria. Agora é brigar para que Suape e o governo cumpram suas obrigações socioambientais. "Não existe desenvolvimento sem sustentabilidade", completa Nal. A ajuda de custo de R$ 400 mais uma cesta básica de R$ 70 que os pescadores recebem de Suape não diminuiu a vontade de buscar novas soluções.
Para os agricultores que vivem da terra, o clima ainda parece não ter mudado. O temor de que seu pedaço de chão seja considerado de interesse estratégico é uma constante. São 7 mil famílias que residem nas terras de antigos engenhos daquela parte da Mata Sul do Estado, 2,6 mil delas vivendo em áreas que são consideradas por Suape como zonas industriais ou de proteção ecológica. Muitas estão sendo obrigadas a sair. As imagens de tratores derrubando casas, com apoio da polícia, ainda estão bastante vivas na cabeça dessas pessoas, apesar de a situação ter se acalmado. "Estão levando em banho-maria", diz o presidente da Associação dos Agricultores do Engenho Tiriri, Edvaldo Nascimento.

Octagenário, o agricultor Luiz Abílio da Silva morou a maior parte de sua vida no local, cortando cana e plantando roçado, de onde tirava boa parte de sua alimentação diária. Foi desapropriado e recebeu R$ 60 mil, que ele considera insuficiente.

A diretoria de Suape diz que conseguiu avanços, citando parcerias de financiamento habitacional com a Caixa de R$ 258 milhões para construção de 2,6 mil casas (o contrato deve ser assinado em outubro) e construção de assentamentos (121 famílias foram para Barreiros). "De 2011 para cá, o número de acordos com as famílias aumentou 22%. Assinamos 571 deles", pontua o vice-presidente de Suape, Caio Ramos.
O principal problema em questão é que os agricultores entendem que a terra pertence a um loteamento do Incra, com registro para reforma agrária assinado em 1970. Suape, por sua vez, entende que comprou a área 10 anos depois e, portanto, as indenizações são calculadas sobre o valor dos imóveis construídos e não sobre o valor milionário das terras. Para pessoas como o agricultor José Silvino da Silva, do engenho Titiri, hoje considerado área de Suape, a economia em larga escala, no entanto, é um monstro de dentes afiados. "Não somos contra o desenvolvimento de Pernambuco nem do Brasil. Só queremos uma indenização digna", resume

sábado, 3 de agosto de 2013

Erro bilionário na refinaria


JC/Economia, 30/07/2013
TCU questiona projeto básico da Petrobras que teria gerado R$ 2 bi em aditivos no empreendimento

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a Refinaria Abreu e Lima, no Complexo de Suape, soma quase R$ 2 bilhões em faturas de serviços não previstos originalmente, mas necessários, por causa de erros da Petrobras. Em acórdão aprovado no último dia 10, o TCU entende que falhas no projeto básico da refinaria causaram um efeito cascata de erros nas diversas etapas da construção, gerando aditivos já aprovados que somam R$ 943 milhões, fora R$ 1 bilhão em cobranças ainda sob análise da estatal.
Para o TCU, as falhas começaram no planejamento da obra, uma sucessão de erros que, além de onerar as fases seguintes, atrasou todo o projeto e fez a petrolífera pagar mais para acelerar a construção. As obras começaram em 2005. Os números atuais são de entregar a primeira etapa em novembro de 2014 e a segunda em maio de 2015, com orçamento de R$ 35,8 bilhões. A refinaria é a primeira da Petrobras em 30 anos. Ela terá capacidade para 230 mil barris de petróleo por dia e vai fabricar diesel e gás de cozinha, entre outros.
Segundo o relator do processo no TCU, ministro Benjamin Zymler, as falhas começaram na falta de estudos adequados para a refinaria. O chamado "solo mole", por exemplo, exigiu muito mais serviços no projeto, da terraplenagem a estruturas metálicas. Também houve uma soma de fatores aliados aos erros. Alguns contratos precisaram ser relicitados, um processo que durou 9 meses. Como é de amplo conhecimento na região, o Grande Recife tem anualmente períodos de fortes chuvas e a falta de uma drenagem adequada, ainda que temporária, provocou alagamentos no terreno e o desmoronamento das margens de valas construídas para abrigar tubovias, enormes tubulações para o petróleo circular abaixo do térreo da refinaria.
As falhas, relata Zymler, geraram aditivos em quase todos os contratos avaliados. Um dos exemplos do TCU é justamente o contrato de tubovias, que teve 586% mais estacas que o previsto originalmente para fixar as tubulações, um gasto adicional de R$ 150 milhões, descreve o relator.
"A inadequação dos projetos das obras, principalmente com relação à definição da solução da fundação, gerou a necessidade de uma revisão dos projetos após a assinatura dos contratos, a qual proporcionou atraso no início dos serviços e no prazo de conclusão das obras. Por essa razão, houve significativos acréscimos nos valores dos contratos em análise, cujo propósito foi minimizar os impactos de tal atraso no cronograma de partida do empreendimento", descreve o relatório de Zymler, aprovado pelos demais ministros.
Ainda de acordo com o TCU, a "aceleração" da obra, para compensar os atrasos, custou R$ 501 milhões. Devido à gravidade dos problemas, o TCU estipulou prazos para não só ouvir a Petrobras, mas também para identificar os responsáveis pelos projetos básicos deficientes.
A Petrobras e o TCU têm um acumulado de desentendimentos envolvendo a Refinaria Abreu e Lima.
Este ano, o Tribunal analisou R$ 12 bilhões em contratos do projeto, mas auditorias do tribunal têm apontado irregularidades desde 2009, um suposto sobrepreço total de R$ 1,5 bilhão.





sábado, 27 de julho de 2013

Pernambuco 2035 (P/Tadeu Alencar)

Em JC/Opinião, 26/07/2013
 
Pernambuco vive um ciclo virtuoso que, para ganhar sentido de permanência, reclama cuidadosa preparação. Não custa lembrar avanços dos últimos anos, bem como a importância de um olhar sobre as futuras gerações.
Na segurança pública basta referir que o Recife deixou de ser a capital mais violenta do Brasil, apresentando 52% de redução dos indicadores de CVLI, em razão do Pacto pela Vida, uma engenhosa política de Estado, que vem perseguindo com sucesso a redução dos índices de criminalidade.
Na saúde, novos hospitais e UPAs, além da reforma de toda a rede antiga, dão a exata medida de que a saúde pública melhorou. Ademais, o investimento na contratação e valorização de profissionais, em equipamentos, na universalização de serviços, faz com que o Estado aplique 17% da sua receita em saúde, bem acima do mínimo constitucional.
Ultima-se em Caruaru o Hospital Mestre Vitalino, seguem em reforma o Hospital do Câncer e o da Restauração no Recife e, esta semana, serão inauguradas a UPAe de Garanhuns e a de Petrolina. Muito há por fazer, mas a saúde também melhorou. É inegável.
A educação ostenta números animadores, com a maior rede de escolas integrais do Brasil - 260 - e com o Programa Ganhe o Mundo, em que alunos da escola pública, por mérito, fazem intercâmbio nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e em países da Europa.
Sem contar a melhoria da avaliação, a multiplicação das escolas técnicas, a interiorização dos cursos superiores e as mudanças estruturais indispensáveis ao aprimoramento educacional. Há enormes desafios a vencer, mas a educação também melhorou.
Poder-se-ia falar ainda da geração de mais de 500 mil empregos, da redução da mortalidade infantil, da qualificação profissional, da sustentabilidade ambiental, dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação, das adutoras, como Pirapama e a do Agreste, da construção de barragens, obras de saneamento, estradas, parques, equipamentos culturais e da atração de empreendimentos estruturadores que vão mudar radicalmente a face econômica e social de Pernambuco.
E não é excessivo mencionar o Complexo Portuário de Suape, o melhor porto público do Brasil, integrando Pernambuco à economia global, inclusive em torno de novas cadeias, como a de petróleo, gás, offshore e naval.
Tudo isso demonstra o caráter transformador de uma gestão pública inovadora, disposta a vencer os vícios de uma burocracia predatória da cidadania e o caráter estratégico de que àquela gestão, una-se uma liderança política atenta ao sentimento da sociedade, que rejuvenesça os costumes políticos no Brasil.
Apesar dessa instigante realidade, precisamos incrementar mudanças relativas à competitividade, ao capital humano, à infraestrutura, à mobilidade.
Para que o ciclo virtuoso não se limite a um surto episódico, é imperativo pensar Pernambuco no longo prazo, vale dizer, construir, desde já, um plano estratégico, "com projetos estruturantes e experimentos inovadores", bem como os respectivos planos de investimento e financiamento.
Sábio o que nos ensina Jorge Gerdau: "Definir estratégias para o longo prazo para conseguir definir prioridades e metas no curto prazo".
É esta necessidade que fez o Governador Eduardo Campos lançar, recentemente, o arrojado projeto Pernambuco 2035, com que pretende, mobilizando lideranças políticas, econômicas, sociais e acadêmicas, ver herdado ao futuro, um novo e permanente ciclo de desenvolvimento sustentável, legado digno do estadista.
Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil

sábado, 29 de junho de 2013

Elias, um raio de sol - P/Tadeu Alencar

JC/Opinião, 28/06/2013

Elias Lapenda era um sorriso. Pensá-lo agora, quando vagueia em uma prancha salpicada de estrelas, sobre as vagas do infinito, é pensar no seu rosto empático, no seu riso largo, cativante, aproximativo, de homem que sabia que a vida não cabe na palma da mão. Nunca o vi irritadiço, casmurro, depressivo, triste, blasfemando contra os céus, vermelho de raiva, apoplético. Jamais o vi reclamar do trânsito, do futebol, do calor, da chuva, da carestia, dos defeitos dos vizinhos, de dores pelo corpo. Era um otimista, um homem solar, que olhava pela janela, perscrutava as nuvens carregadas e, sem titubeios, dizia: daqui a pouco teremos um dia radiante... E o dia de sol entrava pela janela tão certo quanto a sua presença infatigável. Era treinado para a conversação amena, para a palestra entre cavalheiros, para a fumaça dos charutos que não fumava, para o calor dos drinques que não mais podia sorver. Um homem que sabia que a verdadeira glória é respirar entre amigos, sentar-se à mesa entre eles, num dia sem enfeites, tornado importante pela lucidez de quem já viveu o frenesi de muitas décadas. Acostumei-me à sua elegância diária nos quatro anos em que com ele convivi na Procuradoria Geral do Estado. Aposentado, não se concedia ponto facultativo e frequentava a sua instituição com a habitualidade construída no afeto, todos os dias, todas as manhãs, como um graduado oficial de chancelaria que matriculava nossa presença no velho edifício modernista da Rua do Sol. Ereto, camisa engomada, passada com esmero por dentro da calça, o blazer sob medida, passos curtos, tinha dimensão de que o seu papel fundamental era ser jovem, para que os jovens não se deixassem escravizar no bolor das formalidades inúteis e envelhecessem por antecipação. Ora, ora, dizia, para fugir de algum elogio inescapável, dos que, como eu, tiveram a ventura da sua convivência. Relembrando passagens de que fora atenta testemunha, travestia-se em um menino de calça curta, arrastando uma pipa no céu, olhos brilhantes, enquanto discorria sobre as grandezas pernambucanas, episódios históricos que se desenrolaram diante de seu semblante atento, da lealdade de suas mãos finas, acostumado que fora à convivência em palácios, onde serviu a Pernambuco em escolas de política que muito ensinaram ao Brasil, pelo sóbrio exercício do poder.

Foi um lutador, líder em sua classe, hábil articulador, transitando com maestria entre grupos distintos, como um membro do Conselho dos Sábios, que sugere rotas, que busca caminhos, sem a ousadia inconsequente da rebeldia sem propósito, mas com o comedido atrevimento dos que sabem que lutar é condição de permanência num Estado guerreiro como Pernambuco.

Recebeu-me de braços abertos desde a primeira hora. Acolheu-me como amigo fazendo-me sentir à vontade na casa alheia, aumentando a responsabilidade em representá-la, em conduzi-la. Deu-me a segurança de que o fiz com o senso do dever que não se aprende em manuais.

Fiquei em débito com um almoço, para uma entrevista prolongada, eu que gostava tanto de ouvir a sua voz, os seus comentários aos meus artigos, não houve um que não tenha lhe provocado telefonar-me, repetindo frases do texto e soltando a gargalhada contida: estou acompanhando, dizia satisfeito. Quando Ernani me passou a mensagem: "Dr. Elias faleceu hoje de manhã", eu engasguei. Era um dia chuvoso. Abri a janela, senti uma solidão que só a amizade explica e o vi dizer lá das nuvens, o sorriso largo de sempre: "daqui a pouco teremos um dia radiante".

Quanto custa a refinaria sem a PDVSA

Quanto custa a refinaria sem a PDVSA
 
JC/Economia 29/06/2013

INDÚSTRIA Se a estatal venezuelana não se tornar sócia da Petrobras, será preciso gastar mais R$ 1,8 bi para adaptar projeto - Por Giovanni Sandes - gsandes@jc.com.br

Após muitos atrasos e incontáveis disparadas de orçamento, a Refinaria Abreu e Lima está com 75% de obras realizadas e até agosto vai superar 80%. O percentual avançado de execução traz a inevitável pergunta: até quando a Petrobras vai poder esperar pela estatal venezuelana PDVSA, que em 2005 prometeu entrar no projeto e bancar 40% dos custos? A questão não é só cobrar os atrasados do possível sócio. Caso a parceria não seja concretizada, o custo da refinaria, que começou orçada em R$ 4 bilhões e já chegou a R$ 35,8 bilhões, ainda vai subir pelo menos mais R$ 1,8 bilhão, custo de adaptar os equipamentos para compensar a sociedade que não deu certo.

A possível parceria binacional, costurada a quatro mãos pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, não envolve só dinheiro dos dois países. Os equipamentos da refinaria em Pernambuco foram projetados para processar 230 mil barris de petróleo por dia, sendo 50% de óleo extraído de campos do Brasil e a outra metade vinda da Venezuela. Como cada campo produz um petróleo de características muito definidas, a saída dos venezuelanos obriga uma de duas situações: ou a PDVSA será uma fornecedora de muito poder de negociação ou a Petrobras terá que gastar bilhões na conversão do maquinário.

Há pouco mais de dois meses, o diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, informou que a Petrobras faria sozinha a obra em caso de desistência da PDVSA e que para isso bastaria uma adaptação, equivalente a 5% do projeto. O número parece baixo em percentual.

Mas o custo de adaptação é tão alto que, mesmo com o dólar da última sexta-feira, a R$ 2,23, a conversão equivale a bem mais que a metade da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que custou R$ 2,6 bilhões (US$ 1,18 bilhão) à Petrobras e virou alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

A refinaria americana entrou na mira do TCU e do Ministério Público Federal (MPF) porque a negociação tinha indícios de superfaturamento - a ex-sócia da Petrobras, Astra, há 8 anos havia pago pelo mesmo negócio US$ 42,5 milhões.

A questão, no caso da refinaria pernambucana, é que as negociações com a PDVSA se arrastam desde que a parceria foi anunciada. Mas a Petrobras, apesar de vez por outra divulgar um novo "prazo final" para as tratativas, se nega a informar qual o limite técnico da espera pelos venezuelanos. Por exemplo, ela não deixa claro se seria mais barato fazer a adaptação enquanto ainda faltam 25% de execução da obra ou se é melhor concluir tudo e só depois realizar a mudança.

Procurada, a companhia brasileira repete o mesmo dado de execução publicado este mês no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), referente a abril passado, 75% de avanço físico, e diz continuar aberta à negociação com a PDVSA. Mas não se pronuncia sobre o custo de adaptação da refinaria sem a Venezuela, muito menos responde sobre a relação entre a execução das obras e o limite técnico do prazo de espera pela estatal venezuelana.

"As obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, estão com 75% de avanço físico. Estão sendo realizadas conforme estabelecido no Plano de Negócios da Companhia, que prevê investimentos totais de US$ 236,7 bilhões para o período 2013-2017, dos quais US$ 33,2 bilhões destinados à ampliação do parque de refino. O orçamento das obras da refinaria é parte integrante do plano. A Petrobras continua aberta à negociação com a PDVSA", informa a companhia, através de sua assessoria de imprensa.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Petrobras suspende diálogo com PDVSA


JC-Economia, 30/04/2013

Por causa da crise política no país vizinho, Brasil interrompeu as discussões sobre a refinaria. Até agora, petroleira venezuelana não colocou dinheiro no projeto


RIO - O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse ontem que desde o dia 28 de abril foram interrompidas as tratativas com a PDVSA sobre o investimento na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Na ocasião, houve um aporte de recursos na obra, sem a contrapartida da estatal venezuelana. A Venezuela ainda não colocou recursos no projeto, embora para todos os efeitos o país é sócio do Brasil neste empreendimento.
Cosenza disse acreditar que situação política na Venezuela tenha sido o motivo das negociações estarem suspensas, mas crê numa retomada após a estabilização.
O executivo fez referência a a transição de poder no país diante da morte do ex-presidente Hugo Chavéz e o processo de escolha de seu sucessor, Nicolás Maduro, que provocou reação da oposição e pedido de recontagem de votos.
O diretor reafirmou que a Petrobras fará sozinha a obra, em caso de desistência da PDVSA. Será necessário, segundo ele, apenas uma adaptação, que corresponde a 5% do projeto.
Cosenza disse ainda que a obra, que sofreu atrasos e estouro do orçamento na gestão anterior da Petrobras, segue no ritmo de execução redefinido pela companhia. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terá capacidade para produzir 115 mil barris diários a partir de novembro de 2014 e uma quantidade semelhante está prevista para maio de 2015.
PRODUÇÃO
A autossuficiência na produção de petróleo deve ser retomada no ano que vem, estimou ontem o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, ao divulgar os resultados trimestrais da empresa. A previsão da estatal significa que a produção total de petróleo e derivados deve superar o consumo em 2014 - o que não quer dizer que não serão feitas importações, pois a autossuficiência em derivados do petróleo deve ser atingida em 2020

domingo, 21 de abril de 2013

Relógio de algibeira (P/Tadeu Alencar - JC, 21/04/2013)

Relógio de Algibeira

Quando a minha mãe, em 1975, fez cinquenta anos escrevi a ela uma carta que tinha o título: meio século! Ela se comoveu, agradeceu, abraçou-me e observou: só não gostei do título. Aquilo ficou roendo a memória, como o tempo roi a engrenagem de um carrilhão, como uma rede roi o armador em que se apoia. O que pensara eu ser uma vantagem, sobrepor-se ao tempo, vencê-lo, aos olhos daquela mulher jovem e madura, ao contrário, parecia queimar nas faces coradas, como uma brasa que se deleita em carne viva. Ora, ora, chegar a alguma medida de século haveria de ser um distintivo, um lugar honorífico, mas pesava mais que uma cesta de remorsos. Na época, eu tinha doze anos. Estava eufórico com o mundo - os olhos de espantação -, e era escolhido para do primeiro lanço da escada fazer a saudação de natal, boquiabertos - com tamanho atrevimento - os parentes recentes. Ontem, quando ela - D. Zuleica - telefonou-me para parabenizar pelo cinquentino aniversário, lembrei-lhe a história que nela já fora coberta pela névoa dos anos. Rimos, enquanto ela me abençoava e decerto coçava a conta do terço, inamovível em suas mãos. Aquilo me marcou.

De lá para cá andei com o tempo no bolso da calça, escondido entre os papéis da escola, entre as meias na gaveta, entre os postais de cidades que sempre me fascinaram. Andei com o tempo de rosto colado, sentindo o tépido hálito de suas narinas. E me perguntava: o que há com este velho senhor de suíças brancas, o tempo, que a tudo devora com sua língua de fogo? Esta bola de fogo da vertigem dos relógios, de quem se diz ser muito dissimulada, tem a forma de um cascalho no fundo de um rio goiano. Enganadora, é falsa a sua inocência e dúbia, plúrima, a sua volúvel personalidade. O que há com o tempo? Passei o resto da vida coçando aquele novelo de infindáveis veios entrecruzantes, aquele cascalho molhado que queima como contrariedade. A vida, descobri, é o tempo entrando nele mesmo, uma miscigenação entre corpo e espírito, como uma meia que se retira virando-a pelo avesso. Senhor e escravo. Passei a vida devorando as curvas do calendário. Passei o resto da vida esticando a pele no espelho, apalpando as rugas, curioso de ver as marcas que os séculos foram imprimindo na vizinhança do olho. E passando a observar o que acontecia com o rosto da minha mãe, resolvi ver como a vida se passava lá fora. Depois dos tempos de catecismo, vieram os de diatribes. Achava que o tempo na rua era feito de outra matéria e andava nas feiras para sentir como se vivia, que costumes cultivavam os homens, em que deuses depositavam confiança. Andei pelas feiras também para sentir o perfume das coisas alfazemadas.

Desde o título infeliz, o século partido em duas metades desiguais, aos cinquenta anos, com meio século de peso sobre as costas, vejo que há motivos de sobra para celebrar. Aprendi, num garimpo exauriente, suando o velho uniforme de quem lavra a terra, que envelhecer é, como os vinhos, libertar as virtudes, a fortaleza dos aromas. Aprendi também que as quatro estações da vida é estação única, a estação dos amigos, a única estação. Por isso, para que não me pesem os anos mais que a pontiaguda estocada dos relógios e dos calendários, nesse ritmo vertiginoso, entra ano, sai ano, desejo fazer um brinde à vida, a ter uma mãe que aos 87 anos olha o futuro como quem toca a eternidade. E para não se angustiar com o trote dos anos consultar a algibeira apenas pelo prazer de ver um belo relógio deslizar em suas mãos.

Tadeu Alencar é Procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil do Governo de Pernambuco

 

domingo, 14 de abril de 2013

Vitamina D - "As informaçoes deste livro podem salvar sua vida"

Acabei de ler o livro “Vitamina D – Como um Tratamento tão simples pode reverter doenças tão importantes” do Prof. Dr. Michael F. Holick, e confesso que estou meio impressionado com o relato de suas pesquisas encontrado no texto.
Li com um pé atrás desde o início, mas a divulgação do resultado dos seus trabalhos em periódicos de prestígio na área médica acena com para revolução em curso no tratamento de muitas doenças crônicas e graves, como osteoporose, doenças cardíacas, câncer (mama, próstata, cólon), depressão, insônia, artrite, diabetes, dor crônica, psoríase, fibromialgia, autismo, para destacar algumas.
E a grande fonte de vitamina D é o SOL (das 10 às 15 horas, diferente do que aprendemos), mas que ao longo do tempo tem sido mais um vilão do câncer de pele de que reconhecido os seus benefícios. O autor destaca bem este assunto e não prega, em hipótese alguma, a exposição descontrolada ao sol (15 minutos sem protetor solar), e sim, em pequenas e contínuas doses. No livro, se estabelece um programa de exposição ao sol para se atingir níveis de Vitamina D adequados.
Vou destacar alguns pontos do livro, mas quem puder leia:
- Pag. 77...há muito dinheiro à disposição dos que querem enfatizar o único lado negativo do sol (câncer de pele não melanoma) do que daqueles que querem promover seus benefícios;
- Pag. 103...novas evidências confirmam que os níveis baixos de Vitamina D podem ser um fator na perda de massa e da força muscular, que definem o envelhecimento e fragilidade;
- Pag. 117... a vitamina D ativada é um dos inibidores mais potentes do crescimento celular anormal;
- Pag. 123...a vitamina D exerce um efeito relaxante e permite maior flexibilidade aos vasos sanguíneos;
- Pag. 131... a vitamina D ativada pode aumentar a produção de insulina...;
- Pag. 146...Não há prevenção conhecida para a artrite reumatóide...estudos preliminares sugerem que a vitamina D ativada pode ser um tratamento eficaz para a AR...;
- Pag. 149...Tratamento de primeira linha contra psoríase foi desenvolvido pelo autor;...aplicação de uma pomada (Vectical) com vitamina D ativada sobre a pele reduz drasticamente os sintomas...;
- Pag. 152.. Cáries e a periodontite estão ligadas aos baixos níveis de 25-vitamina D;
- Pag. 182...Níveis adequados de vitamina D podem reduzir o risco de fatores que podem levar à demência;
Por fim o autor reconhece que “as percepções são a alma de tudo” (pag. 293) e suas pesquisas, relativamente novas, tem lhe demonstrado essa sustentação. Por outro lado, os dermatologistas tiveram muito tempo para nos inocular com as suas percepções erradas no seu entendimento erradas.
Num artigo recente pesquisadores europeus, colncluíram que aumentar os níveis de vitamina D da população para 40 nanogramas por ml/sangue poderia resultar numa economia de 187 milhões de euros por ano. Isso se traduz em mais de 260 bilhões de dólares.
Pra finalizar, o autor destaca que não está sugerindo que a vitamina D seja a cura para todos os males, mas acredita que não se pode tapar os olhos para a ligação milenar e especial que o nosso corpo tem mantido com o sol para assegurar a saúde. E  assegura, “será muito difícil para qualquer pessoa classificar as reinvidicações e as pesquisas apresentadas neste livro como não científicas. Todas elas derivam de estudos cinetíficos, revisados por especialsitas e publicados em periódicos médicos de prestígio (pag. 297).
Você já mediu alguma vez seus níveis de vitamina D no sangue? Fale com seu médico. E cuidado, o exame é 25(OH) D ou 25-hidroxivitamina D. Na próxima consulta vou pedir pro meu médico solicitar !

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Bonito para chover (Por Tadeu Alencar)


Opinião JC - 24/03/2013 

O ano era 1979. Participei da organização que recepcionou o governador Miguel Arraes no aeroporto regional do Cariri, quando este voltava do exílio na Argélia. Mobilizamos estudantes, artistas, simpatizantes do MDB, a população, com uma Kombi e um megafone, para a chegada do maior líder popular da história recente do País. Havia uma pequena multidão quando o avião apontou no horizonte e, tocando a pista, saiu saracoteando, o sol causticando a fuselagem, o barro vermelho exalando o calor setembrino do Sertão. As pessoas pareciam eufóricas, dominadas pela intuição de que vivenciavam um momento marcante.
Aberta a porta, surge um homem altivo, magnético, olhos de um azul profundo, o vento soprando no rosto curtido como uma saudação vinda das locas da serra que o vira nascer. Passou a mão nos cabelos e fez um gesto que lhe ficaria como uma marca personalíssima: levantou o braço esquerdo, a mão aberta, e acenou para o povo. Desceu lentamente os degraus, caminhou decidido entre os que o queriam abraçar, emocionado, mas sem perder o ar austero, quase casmurro e saímos em carreata até a velha casa da Rua João Pessoa, no Crato, onde o esperava a mãe, Benigna, e as irmãs. A casa, de alpendrada em derredor, amenizava o calor e o jardim, bem cuidado, rescendendo a jasmim, estava intransitável, havia os que queriam ver, ouvir, tocar aquele homem que a ditadura alardeara como uma ameaça ao País. Fiquei por ali, cofiando um bigode que não tinha, comovido, ao ver aquele que a vida inteira fora apenas um retrato entre as coisas velhas do porão. De inopino, cioso de que a história carece de quem lhe dê forma, subiu no muro baixo que circundava a casa e fez um discurso memorável.
Aquela cena marcou a minha vida. De lá para cá elegemos governadores - como Arraes - comprometidos com as lutas populares, fizemos a Constituinte, as eleições diretas, conquistamos a estabilidade econômica e elegemos um operário, um homem do povo, para presidente da República. Em oito anos dos governos do presidente Lula os avanços foram inegáveis, em especial a promoção social dos programas de distribuição de renda, que permitiram a milhões de brasileiros libertarem-se da pobreza extrema. Em sequência vivenciamos o governo da primeira mulher a presidir o País, Dilma Rousseff, com uma história de lutas, de vida limpa, torturada e perseguida, o que a faz um exemplo de que o Brasil mudou.
Em Pernambuco, este Estado libertário, em permanente ebulição, um jovem governante surpreende e muda o padrão da gestão pública para imprimir um ritmo e uma diretriz política que transforma a matriz socioeconômica do Estado e faz a máquina pública girar em favor dos que mais precisam. Há mudanças estruturais na segurança pública, na saúde e na educação. Todavia, para aprofundar essas mudanças é indispensável um novo pacto. Em 1988, 77% do bolo tributário da União era compartilhado com os Estados e municípios e hoje, claudicante a federação, menos de 50% das receitas da União são divididas com os entes subnacionais, em manifesta afronta ao equilíbrio federativo. Por outro lado, há necessidade de uma nova coalizão que modernize os costumes políticos, que coloque o Estado a serviço do povo, o Brasil oficial de frente para a cidadania. Essa não é tarefa de um segmento, de um partido. Mas vai além deles. Volto a cofiar um bigode que não tenho e vejo as mãos brancas de Arraes adivinhando o futuro. A luta hoje é diferente, mas é feita da mesma matéria: o sonho de ver o Brasil seguindo em frente, vencendo os seus inúmeros desafios.
Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sinais que advertem - p/Tadeu Alencar

Opinião - Jornal do Commercio, 17/02/2013

Há no horizonte sinais que merecem não ser ignorados, sob pena de descolamento dos representantes do povo daqueles em quem devem sempre buscar inspiração. E quando isso ocorre, são varridos da cena política legiões de supostos líderes, abatidos pela vontade popular, como afirmação da jovem democracia brasileira. Um dos sinais, havido em profusão, é que a sociedade vem exibindo uma razoável intolerância à corrupção, passando a exigir um padrão ético de quem se arvore a disputar e exercer mandatos eletivos. Após a redemocratização essa foi uma das bandeiras abraçadas por partidos políticos que se alimentaram da tradição republicana e que cativaram tal ideário como instrumento de legítima sedução da opinião pública. Nos anos 90, levado ao ápice, conduziu ao impedimento presidencial, tendo ficado, todavia, secundarizado como mandamento, nos anos de liberalismo desbragado e confundido, equivocadamente, com o anacronismo de ideias caras a parte da esquerda brasileira. Tal esquerda, mimética, durante anos negou-se a admitir o Brasil complexo, plural, ávido por encontrar o seu caminho, reativo às fórmulas prontas em que pretenderam aprisionar a vastidão das suas potencialidades e dos seus contrastes, o maior deles a desigualdade social. Uns reproduzindo a defesa da ética como dogma de fé, mas sem crença de devoto praticante: uma fé de muletas. Outros, cínicos, diminuindo-a como valor, como postulado democrático: a fé dos espertos. Diante das evidências da corrupção, a sociedade expressou, com veemência, o desejo de banir tais costumes da vida pública. Assim se deu em todos os episódios da espécie, quando aplaudiu a decisão de apurar os delitos e aplicar as correspondentes sanções, haja vista a lei da ficha limpa, bem assim o clamor da sociedade civil por eleições transparentes e pela ética, que mobilizou milhares de pessoas Brasil a fora. A mensagem é clara: deseja-se representantes que busquem a política como oportunidade de servir e não para incrementar negócios. Felizmente ainda os temos em quantidade. Um outro sinal é o de que a sociedade repudia as gestões que não trazem transformação à vida das pessoas. Já não cabe o administrador cujo tempo de governança é árido e cujo legado, avaro, reduz-se a uma profunda frustração. Exige-se, cada vez mais, gestores competentes, probos, com compromissos definidos, que adotem um programa de governo, chancelado já no processo eleitoral e que possam executá-lo no curto espaço de um mandato. Não foram poucos os que, dormindo o sono das falsas glórias, terminaram por ser apeados do poder, à míngua de ação efetiva, concreta e simbólica que certificasse que a vida melhorou em razão da ação governamental. São sinais que pulsam e que indicam que a sociedade está cada vez mais exigente. Não quer apenas a escola em boa condição física, mas a inclusão digital, o intercâmbio, a educação pública que permita ao filho do povo competitividade para disputar um lugar ao sol.

Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil

Refinaria contratará mil trabalhadores

Jornal do Commercio, Economia - 15/02/2013

RETA FINAL Com as novas admissões, o consórcio Conest, formado por Odebrecht e OAS, somará 10 mil funcionários na fase de conclusão dos serviços, que deve se estender até 2014
A Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape, vai entrar na sua fase de pico da construção nos próximos dois meses. As empresas responsáveis pela obra reforçam as contratações para concluir os serviços. Maior consórcio do empreendimento, o Conest - formado pelas construtoras Odebrecht e OAS - vai admitir mais mil trabalhadores e incrementar o quadro atual de 9 mil pessoas.

O Conest tem dois contratos com a Petrobras na obra da Rnest, que são considerados o coração da refinaria. O primeiro são duas unidades de destilação atmosférica (responsável por transformar o petróleo nos produtos derivados) e o outro são as seis unidades de hidrotratamento de diesel, nafta. Os dois contratos têm valor inicial de R$ 4,5 bilhões.

O diretor de contrato do Conest, Antenor de Castro, diz que 50% das obras já foram executadas. "Agora vamos contratar mais mil pessoas para essa reta final da construção, que deverá se estender até o final de 2014", observa. Além das contratações do próprio Conest, empresas terceirizadas do consórcio também deverão contratar mais 2.500 pessoas para concluir a obra.

Em função da grande rotatividade na obra do porte de uma refinaria, o Conest mantém um escritório no município do Cabo de Santo Agostinho para recrutar mão de obra (veja serviço no final da matéria). Hoje, do total de 9 mil trabalhadores do consórcio, 3 mil estão alojados no Cabo e outros 900 distribuídos em repúblicas de trabalhadores. Isso porque parte da mão de obra precisou ser importada de outros Estados, em função da falta de profissionais com experiência na construção de complexos petroquímicos.

A importação de trabalhadores deverá aumentar em função da nova fase da obra, que sai da etapa de construção civil e avança para construção e montagem, instrumentação e controle. Essa fase exige profissionais com qualificação técnica e escolaridade de ensino médio. As oportunidades vão surgir para montadores, instrumentistas, caldeireiros, soldadores, operadores de sistemas e outros.

CRONOGRAMA

A previsão da Petrobras é iniciar a operação da Refinaria Abreu e Lima no final de 2014. Pelas contas da estatal, o nível de execução já chega a 69%. Algumas etapas já foram concluídas, como o parque de tancagem formado por 55 tanques de água, petróleo e produtos derivados. Também está finalizada a Estação de Tratamento de água (ETA). Do orçamento atual da obra de US$ 17 bilhões, já foram aplicados 70%. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, acredita que o valor poderá fechar na casa dos US$ 21 bilhões.

A obra da Rnest conta atualmente com 44 mil profissionais e deverá atingir 46 mil até abril. Do total de empregados, 65% são pernambucanos. A construção é tocada por 14 grandes consórcios.

SERVIÇO

Para se candidatar a uma vaga no Conest, o candidato precisa entregar currículo no escritório do consórcio, localizado na Rodovia PE-37 (Estrada de Pirapama), Nº 191, Pirapama, Cabo de Santo Agostinho.
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