terça-feira, 30 de abril de 2013

Petrobras suspende diálogo com PDVSA


JC-Economia, 30/04/2013

Por causa da crise política no país vizinho, Brasil interrompeu as discussões sobre a refinaria. Até agora, petroleira venezuelana não colocou dinheiro no projeto


RIO - O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse ontem que desde o dia 28 de abril foram interrompidas as tratativas com a PDVSA sobre o investimento na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Na ocasião, houve um aporte de recursos na obra, sem a contrapartida da estatal venezuelana. A Venezuela ainda não colocou recursos no projeto, embora para todos os efeitos o país é sócio do Brasil neste empreendimento.
Cosenza disse acreditar que situação política na Venezuela tenha sido o motivo das negociações estarem suspensas, mas crê numa retomada após a estabilização.
O executivo fez referência a a transição de poder no país diante da morte do ex-presidente Hugo Chavéz e o processo de escolha de seu sucessor, Nicolás Maduro, que provocou reação da oposição e pedido de recontagem de votos.
O diretor reafirmou que a Petrobras fará sozinha a obra, em caso de desistência da PDVSA. Será necessário, segundo ele, apenas uma adaptação, que corresponde a 5% do projeto.
Cosenza disse ainda que a obra, que sofreu atrasos e estouro do orçamento na gestão anterior da Petrobras, segue no ritmo de execução redefinido pela companhia. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terá capacidade para produzir 115 mil barris diários a partir de novembro de 2014 e uma quantidade semelhante está prevista para maio de 2015.
PRODUÇÃO
A autossuficiência na produção de petróleo deve ser retomada no ano que vem, estimou ontem o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, ao divulgar os resultados trimestrais da empresa. A previsão da estatal significa que a produção total de petróleo e derivados deve superar o consumo em 2014 - o que não quer dizer que não serão feitas importações, pois a autossuficiência em derivados do petróleo deve ser atingida em 2020

domingo, 21 de abril de 2013

Relógio de algibeira (P/Tadeu Alencar - JC, 21/04/2013)

Relógio de Algibeira

Quando a minha mãe, em 1975, fez cinquenta anos escrevi a ela uma carta que tinha o título: meio século! Ela se comoveu, agradeceu, abraçou-me e observou: só não gostei do título. Aquilo ficou roendo a memória, como o tempo roi a engrenagem de um carrilhão, como uma rede roi o armador em que se apoia. O que pensara eu ser uma vantagem, sobrepor-se ao tempo, vencê-lo, aos olhos daquela mulher jovem e madura, ao contrário, parecia queimar nas faces coradas, como uma brasa que se deleita em carne viva. Ora, ora, chegar a alguma medida de século haveria de ser um distintivo, um lugar honorífico, mas pesava mais que uma cesta de remorsos. Na época, eu tinha doze anos. Estava eufórico com o mundo - os olhos de espantação -, e era escolhido para do primeiro lanço da escada fazer a saudação de natal, boquiabertos - com tamanho atrevimento - os parentes recentes. Ontem, quando ela - D. Zuleica - telefonou-me para parabenizar pelo cinquentino aniversário, lembrei-lhe a história que nela já fora coberta pela névoa dos anos. Rimos, enquanto ela me abençoava e decerto coçava a conta do terço, inamovível em suas mãos. Aquilo me marcou.

De lá para cá andei com o tempo no bolso da calça, escondido entre os papéis da escola, entre as meias na gaveta, entre os postais de cidades que sempre me fascinaram. Andei com o tempo de rosto colado, sentindo o tépido hálito de suas narinas. E me perguntava: o que há com este velho senhor de suíças brancas, o tempo, que a tudo devora com sua língua de fogo? Esta bola de fogo da vertigem dos relógios, de quem se diz ser muito dissimulada, tem a forma de um cascalho no fundo de um rio goiano. Enganadora, é falsa a sua inocência e dúbia, plúrima, a sua volúvel personalidade. O que há com o tempo? Passei o resto da vida coçando aquele novelo de infindáveis veios entrecruzantes, aquele cascalho molhado que queima como contrariedade. A vida, descobri, é o tempo entrando nele mesmo, uma miscigenação entre corpo e espírito, como uma meia que se retira virando-a pelo avesso. Senhor e escravo. Passei a vida devorando as curvas do calendário. Passei o resto da vida esticando a pele no espelho, apalpando as rugas, curioso de ver as marcas que os séculos foram imprimindo na vizinhança do olho. E passando a observar o que acontecia com o rosto da minha mãe, resolvi ver como a vida se passava lá fora. Depois dos tempos de catecismo, vieram os de diatribes. Achava que o tempo na rua era feito de outra matéria e andava nas feiras para sentir como se vivia, que costumes cultivavam os homens, em que deuses depositavam confiança. Andei pelas feiras também para sentir o perfume das coisas alfazemadas.

Desde o título infeliz, o século partido em duas metades desiguais, aos cinquenta anos, com meio século de peso sobre as costas, vejo que há motivos de sobra para celebrar. Aprendi, num garimpo exauriente, suando o velho uniforme de quem lavra a terra, que envelhecer é, como os vinhos, libertar as virtudes, a fortaleza dos aromas. Aprendi também que as quatro estações da vida é estação única, a estação dos amigos, a única estação. Por isso, para que não me pesem os anos mais que a pontiaguda estocada dos relógios e dos calendários, nesse ritmo vertiginoso, entra ano, sai ano, desejo fazer um brinde à vida, a ter uma mãe que aos 87 anos olha o futuro como quem toca a eternidade. E para não se angustiar com o trote dos anos consultar a algibeira apenas pelo prazer de ver um belo relógio deslizar em suas mãos.

Tadeu Alencar é Procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil do Governo de Pernambuco

 

domingo, 14 de abril de 2013

Vitamina D - "As informaçoes deste livro podem salvar sua vida"

Acabei de ler o livro “Vitamina D – Como um Tratamento tão simples pode reverter doenças tão importantes” do Prof. Dr. Michael F. Holick, e confesso que estou meio impressionado com o relato de suas pesquisas encontrado no texto.
Li com um pé atrás desde o início, mas a divulgação do resultado dos seus trabalhos em periódicos de prestígio na área médica acena com para revolução em curso no tratamento de muitas doenças crônicas e graves, como osteoporose, doenças cardíacas, câncer (mama, próstata, cólon), depressão, insônia, artrite, diabetes, dor crônica, psoríase, fibromialgia, autismo, para destacar algumas.
E a grande fonte de vitamina D é o SOL (das 10 às 15 horas, diferente do que aprendemos), mas que ao longo do tempo tem sido mais um vilão do câncer de pele de que reconhecido os seus benefícios. O autor destaca bem este assunto e não prega, em hipótese alguma, a exposição descontrolada ao sol (15 minutos sem protetor solar), e sim, em pequenas e contínuas doses. No livro, se estabelece um programa de exposição ao sol para se atingir níveis de Vitamina D adequados.
Vou destacar alguns pontos do livro, mas quem puder leia:
- Pag. 77...há muito dinheiro à disposição dos que querem enfatizar o único lado negativo do sol (câncer de pele não melanoma) do que daqueles que querem promover seus benefícios;
- Pag. 103...novas evidências confirmam que os níveis baixos de Vitamina D podem ser um fator na perda de massa e da força muscular, que definem o envelhecimento e fragilidade;
- Pag. 117... a vitamina D ativada é um dos inibidores mais potentes do crescimento celular anormal;
- Pag. 123...a vitamina D exerce um efeito relaxante e permite maior flexibilidade aos vasos sanguíneos;
- Pag. 131... a vitamina D ativada pode aumentar a produção de insulina...;
- Pag. 146...Não há prevenção conhecida para a artrite reumatóide...estudos preliminares sugerem que a vitamina D ativada pode ser um tratamento eficaz para a AR...;
- Pag. 149...Tratamento de primeira linha contra psoríase foi desenvolvido pelo autor;...aplicação de uma pomada (Vectical) com vitamina D ativada sobre a pele reduz drasticamente os sintomas...;
- Pag. 152.. Cáries e a periodontite estão ligadas aos baixos níveis de 25-vitamina D;
- Pag. 182...Níveis adequados de vitamina D podem reduzir o risco de fatores que podem levar à demência;
Por fim o autor reconhece que “as percepções são a alma de tudo” (pag. 293) e suas pesquisas, relativamente novas, tem lhe demonstrado essa sustentação. Por outro lado, os dermatologistas tiveram muito tempo para nos inocular com as suas percepções erradas no seu entendimento erradas.
Num artigo recente pesquisadores europeus, colncluíram que aumentar os níveis de vitamina D da população para 40 nanogramas por ml/sangue poderia resultar numa economia de 187 milhões de euros por ano. Isso se traduz em mais de 260 bilhões de dólares.
Pra finalizar, o autor destaca que não está sugerindo que a vitamina D seja a cura para todos os males, mas acredita que não se pode tapar os olhos para a ligação milenar e especial que o nosso corpo tem mantido com o sol para assegurar a saúde. E  assegura, “será muito difícil para qualquer pessoa classificar as reinvidicações e as pesquisas apresentadas neste livro como não científicas. Todas elas derivam de estudos cinetíficos, revisados por especialsitas e publicados em periódicos médicos de prestígio (pag. 297).
Você já mediu alguma vez seus níveis de vitamina D no sangue? Fale com seu médico. E cuidado, o exame é 25(OH) D ou 25-hidroxivitamina D. Na próxima consulta vou pedir pro meu médico solicitar !

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Bonito para chover (Por Tadeu Alencar)


Opinião JC - 24/03/2013 

O ano era 1979. Participei da organização que recepcionou o governador Miguel Arraes no aeroporto regional do Cariri, quando este voltava do exílio na Argélia. Mobilizamos estudantes, artistas, simpatizantes do MDB, a população, com uma Kombi e um megafone, para a chegada do maior líder popular da história recente do País. Havia uma pequena multidão quando o avião apontou no horizonte e, tocando a pista, saiu saracoteando, o sol causticando a fuselagem, o barro vermelho exalando o calor setembrino do Sertão. As pessoas pareciam eufóricas, dominadas pela intuição de que vivenciavam um momento marcante.
Aberta a porta, surge um homem altivo, magnético, olhos de um azul profundo, o vento soprando no rosto curtido como uma saudação vinda das locas da serra que o vira nascer. Passou a mão nos cabelos e fez um gesto que lhe ficaria como uma marca personalíssima: levantou o braço esquerdo, a mão aberta, e acenou para o povo. Desceu lentamente os degraus, caminhou decidido entre os que o queriam abraçar, emocionado, mas sem perder o ar austero, quase casmurro e saímos em carreata até a velha casa da Rua João Pessoa, no Crato, onde o esperava a mãe, Benigna, e as irmãs. A casa, de alpendrada em derredor, amenizava o calor e o jardim, bem cuidado, rescendendo a jasmim, estava intransitável, havia os que queriam ver, ouvir, tocar aquele homem que a ditadura alardeara como uma ameaça ao País. Fiquei por ali, cofiando um bigode que não tinha, comovido, ao ver aquele que a vida inteira fora apenas um retrato entre as coisas velhas do porão. De inopino, cioso de que a história carece de quem lhe dê forma, subiu no muro baixo que circundava a casa e fez um discurso memorável.
Aquela cena marcou a minha vida. De lá para cá elegemos governadores - como Arraes - comprometidos com as lutas populares, fizemos a Constituinte, as eleições diretas, conquistamos a estabilidade econômica e elegemos um operário, um homem do povo, para presidente da República. Em oito anos dos governos do presidente Lula os avanços foram inegáveis, em especial a promoção social dos programas de distribuição de renda, que permitiram a milhões de brasileiros libertarem-se da pobreza extrema. Em sequência vivenciamos o governo da primeira mulher a presidir o País, Dilma Rousseff, com uma história de lutas, de vida limpa, torturada e perseguida, o que a faz um exemplo de que o Brasil mudou.
Em Pernambuco, este Estado libertário, em permanente ebulição, um jovem governante surpreende e muda o padrão da gestão pública para imprimir um ritmo e uma diretriz política que transforma a matriz socioeconômica do Estado e faz a máquina pública girar em favor dos que mais precisam. Há mudanças estruturais na segurança pública, na saúde e na educação. Todavia, para aprofundar essas mudanças é indispensável um novo pacto. Em 1988, 77% do bolo tributário da União era compartilhado com os Estados e municípios e hoje, claudicante a federação, menos de 50% das receitas da União são divididas com os entes subnacionais, em manifesta afronta ao equilíbrio federativo. Por outro lado, há necessidade de uma nova coalizão que modernize os costumes políticos, que coloque o Estado a serviço do povo, o Brasil oficial de frente para a cidadania. Essa não é tarefa de um segmento, de um partido. Mas vai além deles. Volto a cofiar um bigode que não tenho e vejo as mãos brancas de Arraes adivinhando o futuro. A luta hoje é diferente, mas é feita da mesma matéria: o sonho de ver o Brasil seguindo em frente, vencendo os seus inúmeros desafios.
Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional