domingo, 20 de janeiro de 2013

A primavera em Pernambuco

Opinião JC - 20/01/2013, por / Tadeu Alencar

Sinto Pernambuco pulsando: não são só as obras, os investimentos, os empregos, o intercâmbio do filho do povo, o progresso em todas as áreas. É mais que isso. É um modo de liderar, com tempo de semeadura e de colheita
Dois atos presididos pelo governador Eduardo Campos, em apenas sete dias, no Recife, animam a fé de que a atividade política pode servir ao interesse da sociedade. Um dos atos, em razão do qual o Cotonifício Othon Bezerra de Mello passou a sediar o que será o maior parque do Recife, a fábrica da Macaxeira, dez hectares que emprestaram o nome de Miguel Batista, para oferecer à Zona Norte da cidade, aos morros que este tanto defendeu, mas também a toda a cidade, um espaço privilegiado de lazer, emoldurado por um nicho de mata atlântica com viço adolescente. As grandes cidades, se vida quiserem de qualidade, devem oferecer parques, onde se possa cultivar a convivência entre as pessoas e com a natureza. Foi revigorante percorrer aquela decadência de décadas, aquela solidão cheia de escombros. As paredes roídas pela traça dos anos e do abandono. O ferro das colunas, exposto como fratura, que exposta, expõe a fragilidade de todas as coisas, o fugaz esplendor de todos os impérios. Caminhar por sobre o esqueleto do que foi um alvoroçado pátio de fábrica e imaginá-lo recuperado pela ação do poder público, foi saboroso como reaver o passado perdido. Uma obra que restaura a memória da cidade e a humanidade de seus habitantes, além de fundar uma escola, no galpão principal, a frente da casa, advertindo que educação é uma aposta fundamental. O outro ato, em Santana, freguesia onde moro, foi igualmente simbólico: o inicio da dragagem do Rio Capibaribe, como passo para a navegabilidade do negro cão. Tornar o Capibaribe navegável é restaurar o Recife em sua intimidade. É recuperar a beleza dos seus versos. Nada mais justo numa terra de poetas, como Bandeira e João Cabral. Estas iniciativas, pelo que emanam, restituem ao Recife o charme que lhe fez a fama. Há poucos meses foi desapropriada uma densa área de mata atlântica que triplica o parque de Dois Irmãos. Assim, vejo o mapa linfático da cidade ser reconstituído: a mata que se liga ao parque, que se liga ao açude, que se une ao rio que, navegável, junta-se aos manguezais e que - finalmente - entrega-se ao mar, formando a cidade das águas. Sinto Pernambuco pulsando: não são só as obras, os investimentos, os empregos, o intercâmbio do filho do povo, o progresso em todas as áreas. É mais que isso. É um modo de liderar, com tempo de semeadura e de colheita, além de clareza de sentido e de destino, atento a quem se voltam, preferencialmente, as políticas públicas. É a representação dos interesses da maioria que faz um governo forte. Por isso que a aprovação consagradora do governo Eduardo Campos não é uma nuvem passageira. O importante não é aprovação pontual, que essa é volátil, o importante é um lugar na história, que este tempo, decerto, terá assegurado. A propósito, o nosso cinema tem arrebatado premiações no Brasil e no mundo: O Som ao redor, Era uma vez eu, Verônica, Eles voltam e tantos outros é o sinal de que Pernambuco está na moda porque mistura ao talento dos artistas doses potentes de investimento público. Aliás, no festival de Brasília, a atriz Maria Fernanda Cândido, em colóquio com o cineasta Lírio Ferreira, diante do vigor do cinema feito em nassovianas terras indagou-lhe: Lírio, o que está acontecendo em Pernambuco? E Lírio, não sei precisar o que respondeu, mas, deve ter pensado: a Primavera, madame, a Primavera!

Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional e secretário da Casa Civil

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