domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sinais que advertem - p/Tadeu Alencar

Opinião - Jornal do Commercio, 17/02/2013

Há no horizonte sinais que merecem não ser ignorados, sob pena de descolamento dos representantes do povo daqueles em quem devem sempre buscar inspiração. E quando isso ocorre, são varridos da cena política legiões de supostos líderes, abatidos pela vontade popular, como afirmação da jovem democracia brasileira. Um dos sinais, havido em profusão, é que a sociedade vem exibindo uma razoável intolerância à corrupção, passando a exigir um padrão ético de quem se arvore a disputar e exercer mandatos eletivos. Após a redemocratização essa foi uma das bandeiras abraçadas por partidos políticos que se alimentaram da tradição republicana e que cativaram tal ideário como instrumento de legítima sedução da opinião pública. Nos anos 90, levado ao ápice, conduziu ao impedimento presidencial, tendo ficado, todavia, secundarizado como mandamento, nos anos de liberalismo desbragado e confundido, equivocadamente, com o anacronismo de ideias caras a parte da esquerda brasileira. Tal esquerda, mimética, durante anos negou-se a admitir o Brasil complexo, plural, ávido por encontrar o seu caminho, reativo às fórmulas prontas em que pretenderam aprisionar a vastidão das suas potencialidades e dos seus contrastes, o maior deles a desigualdade social. Uns reproduzindo a defesa da ética como dogma de fé, mas sem crença de devoto praticante: uma fé de muletas. Outros, cínicos, diminuindo-a como valor, como postulado democrático: a fé dos espertos. Diante das evidências da corrupção, a sociedade expressou, com veemência, o desejo de banir tais costumes da vida pública. Assim se deu em todos os episódios da espécie, quando aplaudiu a decisão de apurar os delitos e aplicar as correspondentes sanções, haja vista a lei da ficha limpa, bem assim o clamor da sociedade civil por eleições transparentes e pela ética, que mobilizou milhares de pessoas Brasil a fora. A mensagem é clara: deseja-se representantes que busquem a política como oportunidade de servir e não para incrementar negócios. Felizmente ainda os temos em quantidade. Um outro sinal é o de que a sociedade repudia as gestões que não trazem transformação à vida das pessoas. Já não cabe o administrador cujo tempo de governança é árido e cujo legado, avaro, reduz-se a uma profunda frustração. Exige-se, cada vez mais, gestores competentes, probos, com compromissos definidos, que adotem um programa de governo, chancelado já no processo eleitoral e que possam executá-lo no curto espaço de um mandato. Não foram poucos os que, dormindo o sono das falsas glórias, terminaram por ser apeados do poder, à míngua de ação efetiva, concreta e simbólica que certificasse que a vida melhorou em razão da ação governamental. São sinais que pulsam e que indicam que a sociedade está cada vez mais exigente. Não quer apenas a escola em boa condição física, mas a inclusão digital, o intercâmbio, a educação pública que permita ao filho do povo competitividade para disputar um lugar ao sol.

Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional e Secretário da Casa Civil

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