O caminho do crescimento trilhado pela indústria de
petróleo, gás e offshore é também o principal ponto das críticas contra o
modelo de desenvolvimento econômico implantado no Litoral Sul. "O petróleo
é uma indústria suja e do século passado", diz o professor da UFPE Heitor
Scalambrini, especialista em energia. "Não existe risco zero em
engenharia", argumenta, citando um estudo realizado pela Academia de
Ciências dos Estados Unidos. "Atividades navais são responsáveis por 33%
dos vazamentos de petróleo no ambiente marinho", alerta. Para ele, os
tubarões na praia de Boa Viagem são apenas uma pequena parte dos efeitos
colaterais de Suape. Os riscos de acidentes ecológicos tendem a crescer, à medida
que a movimentação de óleo aumente no litoral pernambucano, quando a Refinaria
começar a operar, no fim de 2014.
A economista Tânia Bacelar, ressalva, no entanto, que esse é um problema "positivo". "É melhor ter essa indústria do que não tê-la", opina. Ela lembra que é importante para Pernambuco ter entrado na cadeia produtiva escolhida pelo Brasil para se desenvolver nos próximos anos e cujo o maior trunfo são os campos do Pré-sal. Além disso, o desenvolvimento industrial tem repercussões em toda a economia, como no setor de serviços.
A sua empresa, a Ceplan, presta consultoria para Suape, assim como inúmeros outros escritórios locais desenvolvem trabalhos para as indústrias que lá chegam. "Se não fosse isso, estaríamos buscando clientes em outros Estados", completa. Tânia Bacelar reconhece que ainda há muito a ser feito com relação à preservação ambiental daquela região, e destaca a importância de a sociedade ficar de olho nas atividades desenvolvidas no território. As recentes manifestações populares que aconteceram de forma pacífica no Recife não chamaram a atenção das autoridades sobre esse aspecto ambiental.
Com relação ao tema social, a professora destaca que as indústrias e os esforços de educação que estão em implantação, tanto do Estado como da própria indústria, podem salvar os filhos dos trabalhadores da cana, que durante séculos foram condenados à ignorância e à miséria da cultura canavieira. A nova geração da Mata Sul tem hoje, finalmente, uma opção.
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