terça-feira, 26 de junho de 2012

Novo prazo para refinaria (JC, 26/06/2012)

Novo prazo para refinaria
OBRA Durante apresentação dos planos de negócios da Petrobras, presidente da estatal falou de novo atraso num tom de mea-culpa
Adriana Guarda* (adrianaguarda@jc.com.br)


A Refinaria Abreu e Lima "é uma história a ser aprendida e não repetida". A tirada dura, sem meias palavras, foi despejada pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, ontem, durante a apresentação do Plano de Negócios 2012-2016 da companhia, no Rio de Janeiro. A executiva adiantou que o cronograma do empreendimento vai atrasar mais uma vez e o custo voltará a subir. O primeiro barril de petróleo só deverá ser processado em novembro de 2014 e o investimento na unidade de refino deverá fechar em US$ 20,1 bilhões.
Quando esteve em Pernambuco, em maio de 2011 para uma visita ao canteiro de obras, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a refinaria seria inaugurada no primeiro trimestre de 2013. Até então, o valor do investimento estava estimado em US$ 13,4 bilhões. Quando o governo do então presidente Lula decidiu construir uma nova refinaria no Brasil, após 20 anos sem novos investimentos da Petrobras no setor, o valor foi estimado em US$ 2,3 bilhões. Na época, a cifra se baseou apenas num projeto básico, que não retratava o que seria o empreendimento. Depois o valor saltou para US$ 4,05 bilhões até chegar a projeção anunciada por Graça Foster.
Durante o anúncio do Plano de Negócios, a presidente da Petrobras citou a Abreu e Lima ao falar de equívocos cometidos nas fases de planejamento e construção. "A Refinaria do Nordeste é uma história a ser aprendida, escrita, lida pela companhia, de tal forma a que não seja repetida. Existe claramente um aumento significativo do investimento inicial da refinaria, do seu marco zero, em setembro de 2005. O óleo a ser refinado conta hoje com atraso de três anos. É claro, absolutamente claro, o não cumprimento integral da sistemática de aprovação de projetos neste caso específico. Uma história a ser aprendida e não repetida", desabafou.
A refinaria está em construção desde setembro de 2005, data de lançamento da pedra fundamental. De lá para cá, o empreendimento foi alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), precisou ter vários contratos relicitados por conta da cobiça dos empreiteiros e enfrentou greves de trabalhadores. Hoje, 55% obra física foi executada. O presidente da refinaria, Marcelino Guedes, diz que os fornecedores serão cobrados pela melhora do desempenho na execução da obra, que conta com 44 mil funcionários. O valor subiu para US$ 17,1 bilhões e outros US$ 3 bilhões são pleiteados pelas empreiteiras para reajustar os contratos, destaca.
As críticas ao cronograma não se limitaram à Refinaria Abreu e Lima. Sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Graça Foster, disse que estava proibida a divulgação de um novo cronograma antes da realização de estudos aprofundados sobre a situação do empreendimento, que projetava o início da operação para setembro de 2014. Sobre as refinarias Premium 1 (no Ceará) e a Premium 2 (no Maranhão), a estimativa é que a primeira seja inaugurada até 2017 e a segunda depois dessa data.
A executiva fez questão de afirmar que o atraso no cronograma não significa desistência dos projetos. Não se discute, vai fazer sim. Nós precisamos dessas refinarias. Todas as quatro. Elas são fundamentais, mas precisam ser avaliadas. Preciso saber quanto custa, quanto que eu já fiz de físico. Físico e financeiro andam juntos. Não existe corte de projeto, garantiu.
*Com informações da Agência Estado

Nenhum comentário:

Postar um comentário