quarta-feira, 27 de junho de 2012

Refinaria em Suape preocupa Petrobras

(Folha de PE, 26/06/2012)

A Refinaria Abreu e Lima (Rnest), empreendimento da Petrobras em construção no Complexo Industrial Portuário de Suape, foi usado como um mau exemplo pela presidente da estatal, Graça Foster. Em coletiva realizada ontem em São Paulo, Graça foi direta e falou do novo prazo para a Rnest - estendido de junho de 2013 para novembro de 2014 - por causa do andamento da obra, que ainda está em 55%. Não bastasse, a refinaria pernambucana ficou quase 90% mais cara: dos US$ 2,3 bilhões orçados em 2005, ao ser idealizada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (Venezuela), ela deve passar a US$ 20,1 bilhões se for inaugurada em 2014. As informações foram repassadas pela presidente e constam no Plano de Negócios 2012-2016 da Petrobras, que prevê investimentos de US$ 236,5 bilhões em cinco anos.

Graça falou também da novela com a estatal venezuelana PDVSA, que já deveria estar incorporada à Abreu e Lima. A presidente disse que a parceria continua nos planos da Petrobras, que mantém o prazo para o acordo até novembro deste ano. “A Rnest é uma história a ser aprendida, escrita, lida pela companhia, de tal forma que não seja repetida. O óleo a ser refinado conta hoje com atraso de três anos. É claro, absolutamente claro, o não cumprimento integral da sistemática de aprovação de projetos neste caso específico”, disse. Ainda assim, a Rnest é a única das refinarias a ter prazo para iniciar operação.

A Rnest, porém, é apenas um dos problemas, já que, “historicamente, a Petrobras não cumpre suas metas de produção”. São atrasos nas obras, planejamentos nominalmente mal feitos e custos excessivos que levaram a estatal a rever o cronograma de entrada em operação de quatro refinarias (inclusive a pernambucana) planejadas des­de a década passada. O intuito é que elas comecem a operar até 2020 para suprir a deficiência brasileira na produção de derivados de petró­leo e evitar o desabastecimento. Por causa da produção interna insuficiente, a companhia vem sendo obrigada, desde o ano passado, a importar combustível. Entre janeiro e abril deste ano, a importação média diária foi de 80 mil barris.

Outro problema grave iden­tificado pela nova diretoria da petroleira é a situação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Com­perj). Graça proibiu a divulgação do novo prazo para a entrada em funcionamento da primeira refinaria do Comperj (o projeto prevê duas), que seria em setembro de 2014. Essa data já foi abandonada. Antes de fixar uma nova, a presidente exige a realização de estudos aprofundados. Os atrasos e mudanças nos cronogramas, que atingem ainda as refinarias Premium 1 (MA) e Premium 2 (CE), não significam, segundo Graça, que a Petrobras está desistindo dos projetos. “Não se discute, vai fazer sim. Nós precisamos, sim, dessas refinarias. Todas as quatro”, anunciou.

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