quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Acaba greve (da Refinaria) em obras de Suape

do JC-Economia, 16/08/2012

TRABALHO Empresas aceitaram abonar 70% dos dias parados, sob a condição de que os operários voltem ao trabalho na manhã de hoje
Adriana Guarda e Felipe Lima - economia@jc.com.br

Acabou. Depois de entrar em seu 15º dia, a greve nas obras da PetroquímicaSuape (PQS) e Refinaria Abreu e Lima (Rnest) chegou ao fim, deixando um saldo de prejuízos e reflexão sobre o novo cenário do trabalho em Pernambuco. Após três dias intensos de negociações (desde a última segunda-feira), as empresas voltaram a ceder e concordaram em abonar 70% dos dias parados, sob a condição de que os operários voltem ao trabalho na manhã de hoje. Na última sexta-feira, o sindicato patronal (Sinicon) fez a proposta de descontar os dias de paralisação no momento da rescisão, mas a alternativa foi repudiada pelo sindicato dos trabalhadores (Sintepav).
As empresas garantem que os ônibus fretados voltarão a circular na manhã de hoje para fazer o transporte dos 51 mil operários das duas obras. A Polícia Militar vai reforçar sua presença nos canteiros para garantir a ordem no retorno dos operários. Pelo acordo fechado entre os sindicatos, os funcionários terão 70% dos 15 dias abonados. Os 30% restantes serão compensados e descontados apenas na rescisão. "Os operários vão trabalhar no próximo sábado para compensar o equivalente a dois dias de trabalho", explica a advogada do Sinicon, Margareth Rubem.
As 32 horas restantes serão descontadas na rescisão. A diretoria do Sintepav explica que o desconto será contabilizado como hora e não como dia para evitar que entre no cálculo de férias, 13º e outros benefícios. O acordo também prevê a manutenção do pagamento do vale alimentação e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) pelos dias não trabalhados.
O fechamento do acordo foi recebido com surpresa pelo próprio Sintepav, que viu as negociações voltarem a ficar tensas depois que o Sinicon fez a proposta aos trabalhadores de descontar os dias de greve no final do contrato, na última sexta-feira. O Sintepav chegou a ameaçar paralisar outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e fez panfletagem nos canteiros de obra, orientando os operários a não aceitarem o desconto. O episódio ao menos serviu para reaproximar o sindicato da categoria, depois de ter seus representantes apedrejados na assembleia realizada na quarta-feira da semana passada, que resultou em sete ônibus incendiados, tumulto e prisões.
Do lado das 20 empresas responsáveis pelas obras da Rnest e PQS, a adesão à proposta não foi unânime. Muitas queriam manter os descontos, como determinava a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) quando decretou a ilegalidade da greve, na terça-feira da semana passada. Mas a minoria acabou derrotada e convencida de que a queda-de-braço com os trabalhadores resultaria em mais prejuízos.

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