quarta-feira, 22 de agosto de 2012

No tempo dos quintais (P/Tadeu Alencar)

Do JC-Opinião, 19/08/2012

Todos os indicadores afirmam que o governo Eduardo Campos tem aprovação de 90% dos pernambucanos, inclusive na capital. Assim, causou indignação a afirmação do deputado estadual paulista que preside o PT, de que é ponto de honra derrotar o PSB no Recife. Tal se constituiu num primor de arrogância, numa pérola de desacerto diplomático. Foi obrigado a ouvir o que todos gostaríamos de dizer e com serenidade dito pelo governador Eduardo Campos: "Recife nunca foi, não é e jamais será quintal de São Paulo". O líder é quem encarna o sentimento do povo.

Vamos ter eleições no Recife. De um lado o senador Humberto Costa, homem público de valor, um dos melhores quadros da esquerda pernambucana. Foi eleito com o apoio de uma ampla frente política liderada pelo governador Eduardo Campos, num momento em que as discussões sobre o pacto federativo, guerra fiscal, royalties do petróleo e outros temas vitais, ganham relevo e reclamam parlamentares como Humberto, que vem honrando o seu mandato.
Tem como vice, o deputado João Paulo, líder popular eleito duas vezes prefeito da cidade do Recife. João Paulo é uma liderança consagrada, com o seu jeito simples, performático, dialogando com o homem comum como se fora um habitante da vila, um local.

Dir-se-ia que uma chapa como essa no Recife, uma cidade libertária, que sempre surpreendeu os poderosos, deveria unir o PT e os partidos da Frente Popular. Maurício Rands, um político integral, num gesto de raro desprendimento, por desencanto com o seu partido, do qual se desfiliou, renunciou ao mandato de deputado. O prefeito João da Costa segue sem manifestar apoio. Por outro lado os partidos integrantes da Frente Popular, em sua quase totalidade, recusaram-se a chancelar, por autofágico e, em seu desenlace, deveras autoritário, o processo de escolha do Partido dos Trabalhadores. Pretendeu-se subordinar o Recife a partir de São Paulo, onde ocorreram as tratativas da sucessão, sem a menor sem cerimônia, como se fôssemos colonos e a capital paulista a potência imperial que nos tutela.
Dir-se-ia, que uma chapa com dois líderes forjados na luta, para a disputa no Recife, cidade cruel, deveria representar o melhor projeto para comandar e gerir a cidade. Não é o sentimento colhido nas ruas.

O governador Eduardo Campos, ao cabo de um processo fratricida, perdulário com a tolerância da sociedade, e, com a delegação de 14 partidos, após meses de indesculpável espera, viu-se obrigado a lançar uma candidatura. Um nome com densidade política, capacidade de articulação, reconhecida competência técnica e que carregasse os atributos que ajudam a construir em Pernambuco, uma obra de renovadora transformação, com foco nos que mais precisam.
A despeito da história de Humberto e João Paulo, neste momento, eles não representam o que a cidade espera do seu próximo gestor.

Nos mercados, nas barbearias, nas universidades, nos morros, nas ruas há um clima de atípico entusiasmo, com a possibilidade de que a atitude, a velocidade, a credibilidade, a confiança, o trabalho duro, marcas do governo do Estado, possam também presidir os destinos do Recife.

Geraldo é um candidato com uma força enorme, capaz de galvanizar esse sentimento. O seu nome enraizou no terreno-desejo da sociedade de que a Vila do Recife, de tantas tradições e de tão contagiante beleza, possa encontrar-se com o seu destino. E está acompanhado de Luciano Siqueira, que dispensa apresentações, pelo engajamento de sua combativa militância. Ninguém derrota o Recife. E, por isso, caro leitor, também por isso, Geraldo caminha para ser prefeito. E fará bem, muito bem, à cidade do Recife.
Tadeu Alencar é procurador da Fazenda Nacional

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