quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Após demissões, obras (da refinaria) voltam a funcionar

Em mais um dia de desligamentos de operários, obras da refinaria e petroquímica ganham ritmo - Adriana Guarda e Felipe Lima - economia@jc.com.br - JC, 22/08/2012

As demissões nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e PetroquímicaSuape (PQS), iniciadas na segunda-feira, serviram como estímulo forçado à volta dos operários ao trabalho. Se nem uma determinação judicial, nem o sindicato da categoria conseguiram convencer os trabalhadores a encerrar uma greve que se estendia desde o último dia 1º, o medo de perder falou mais alto e o canteiro de obras voltou a se movimentar.
Algumas empresas calculam que pelo menos 75% dos funcionários tenham retornado. A discussão agora é sobre o impacto que a paralisação terá sobre o cronograma. Ontem, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, participou de reunião para tratar do assunto e classificou a situação como preocupante.
O primeiro consórcio a realizar demissões foi o Ipojuca Interligações, que surpreendeu seus funcionários na entrada da Rnest na manhã da segunda-feira, com cerca de 100 dispensas por justa causa. Ontem, o dia foi de novos desligamentos. O Consórcio Conest informa que demitiu 22 funcionários por justa causa. Na PQS, a assessoria de comunicação informou que também foram dispensados 22 trabalhadores por justa causa. A lista de demissões também se estende a Galvão Engenharia e Alusa. Na Galvão, a informação é que 50 operários foram desligados. Não há um número preciso de demitidos, em função do grande número de consórcios (22) responsáveis pela construção da Rnest.
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), que nos últimos dias vinha se pronunciando por meio de nota, não atendeu ao pedidos de informação da reportagem. Do lado dos trabalhadores, o presidente do sindicato, Aldo Amaral, se tornou inacessível ao celular, que permanece desligado desde a última sexta-feira. A diretoria do Sintepav informa que ontem os dois primeiros demitidos por justa causa procuraram a entidade para homologar suas rescisões.

CRONOGRAMA
A primeira refinaria construída pela Petrobras após 20 anos sem investimentos em novas unidades de refino só deverá entrar em operação em novembro de 2014. O primeiro cronograma previa a inauguração para agosto de 2010. O valor do empreendimento também dobrou quase dez vezes, desde 2005, quando foi lançada a pedra fundamental. O orçamento inicial era de US$ 2,3 bilhões e agora está estimado em US$ 20,1 bilhões.
Após participar da cerimônia de escolha de projetos do Programa Petrobras Esporte e Cidadania, ontem no Rio, Graça Foster afirmou que o risco de atraso no cronograma ainda não está dimensionado. “É possível que tenha folga para recuperar esses atrasos. De qualquer forma, é algo preocupante. Vamos ocupar todos os espaços para que isso tenha o menor efeito no cronograma. É fundamental que volte o mais rápido possível. A gente precisa muito da refinaria”, observou a presidente da Petrobras, dizendo que teria uma reunião na tarde de ontem para tratar do assunto.

Ansiedade ao passar o crachá na catraca
"Deu vermelho". A expressão era a mais temida ontem na portaria principal da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Significava que o crachá do operário não havia passado na catraca. Foi a senha utilizada por pelo menos três consórcios para avisarem aos seus empregados que eles seriam demitidos. Consórcio Conest (formado por Odebrecht e OAS), Consórcio Alusa/CBM (integrado pela Alusa e Construtora Barbosa Melo) e Galvão Engenharia promoveram desligamentos. Foi o segundo dia do revide das empresas, depois que os trabalhadores cruzaram os braços na marra há 21 dias, peitaram uma decisão judicial, renegaram o sindicato e pararam o maior empreendimento em construção no Estado. Alguns operários vestiram a farda sabendo que seriam demitidos. O agora desempregado Eniedson Jesuíno, pernambucano, 34 anos, pai de dois filhos, era armador de ferragens do Consórcio BPM. Recebeu na segunda-feira à noite a ligação da área de recursos humanos da empresa. Estava há oito meses com a carteira assinada. Foi apenas ouvir a notícia ruim pessoalmente ontem. "Quando a greve fica desse jeito, todo mundo é participante. Levei carreira duas vezes porque queria trabalhar. Éramos ameaçados de apanhar na rua. É uma injustiça essas demissões", desabafou, sem saber ainda se havia sido demitido por justa causa.
Houve diversos casos em que a catraca "dava o vermelho", mas não representava demissão. Era a situação de operários que precisavam renovar o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) ou prestadores de serviço que devem revalidar crachás a cada 15 dias. Mas não importava. O clima era de desconforto para quem não conseguia entrar. Reclamavam que todos os verdadeiros baderneiros passaram tranquilamente. Sentavam no chão, se exaltavam, bradavam que iriam procurar os "direitos", torciam para que não fossem demitidos. E se fossem, que não por justa causa " o que representava cinco anos afastados de obras da Petrobras.
Ao invés de dar a notícia do lado de fora, como fez o Consórcio Ipojuca Interligações, o Conest deslocou vários funcionários para um ônibus estacionado do lado de fora da Rnest, perto de 7h30. Seriam encaminhados para um processo de "integração". Ambos realizados no escritório do consórcio no Cabo de Santo Agostinho. "Reciclagem é ratoeira", avisava um operário demitido um dia antes do Consórcio Ipojuca, que foi até a portaria fazer barulho. Tinha razão. No final do dia, a empresa informou que demitiu por justa causa 22 funcionários das obras.
O representante da Galvão apareceu na portaria depois das 9h. Informou aos operários que, infelizmente, haviam sido demitidos. Deveriam esperar o documento da rescisão pelos Correios.

Caminhoneiros pagam o pato
Oito caminhoneiros fizeram do estacionamento de carga e descarga da Rnest moradia nos últimos 20 dias. Impossibilitados de entrar no canteiro para entregar o que transportavam, estão toda a greve sem alimentação regular, banheiros ou remuneração. Contam apenas com um banho após às 22h, com um vigia da Rnest do lado, e com o companheirismo do colega de veículo ao lado. Alguns com mais de 20 anos de estrada, relatavam que nunca haviam passado por situação igual. Desabafam que se sentem como prisioneiros.Lauro Pedrosa veio de Belo Horizonte com uma carga de madeira para andaime, estacionando seu caminhão em Suape no último dia 2. Autônomo, deveria entregar o material à Alusa. Até agora não conseguiu. Inconformado, contabilizava R$ 11,6 mil a que tinha direito por tantos dias parados, engolindo a poeira do estacionamento e se virando com o que tinha para cozinhar alguma refeição. "Estou dormindo dentro do caminhão, vou no posto de gasolina (na PE-60), já fui até o shopping (Costa Dourada), mas fico a maior parte do tempo aqui. E sem nenhuma satisfação", disse. Por dia parado, o caminhoneiro recebe algo entre R$ 600 e R$ 650. Por conta do risco de novos confrontos entre trabalhadores e polícia, ainda não foi autorizada a entrada na Rnest. Eloir Jesus dos Santos, de São Bento do Sul (RS), afirma com revolta que só escuta que a carga irá ser recebida, mas não lhe apresentam nenhuma data. Seu cliente é o consórcio Fildens-Milplan. "Não temos nem água para tomar. Não nos oferecem nada. Nem um espaço no refeitório. É a primeira vez que isso me acontece em 30 anos como motorista de caminhão", diz.

Um comentário:

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