quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Obra sob polêmica. Mas redentora para o Estado (JC, 09/08/2012)

A Refinaria Abreu e Lima (Rnest) é o maior empreendimento individual da história de Pernambuco, com orçamento estimado em US$ 20,1 bilhões. É também a primeira unidade de refino construída pela Petrobras após 20 anos sem novos aportes do setor. Apesar do pioneirismo, a construção carrega um histórico de entraves. Atrasos de cronograma, explosão dos custos, conflitos trabalhistas e denúncias de irregularidades fizeram a própria presidente da Petrobras Maria das Graças Foster disparar, em declaração pública, que a Rnest "é uma história a ser aprendida e não repetida".
O estopim de mais um movimento grevista poderá abrir caminho para novas elevações de custos e atraso no início da operação da refinaria. As empreiteiras vêm pressionando a Petrobras para reajustar os valores dos contratos, apresentando a conta dos prejuízos das paralisações e do preço da mão de obra (que reivindica benefícios inclusive fora da data-base). Com o aquecimento das obras de construção pesada no País, as empreiteiras fazem leilão e vencem a queda-de-braço para ajustar os preços.
Desde o lançamento da pedra fundamental, em setembro de 2005, a Abreu e Lima teve seu orçamento multiplicado por dez, passando de iniciais US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. É verdade que o projeto foi redimensionado, mas o custo está três vezes acima na comparação com similares internacionais. O Tribunal de Contas da União apontou irregularidades na obra, com denúncias de sobrepreço. O TCU chegou a pedir a suspensão da construção, mas nada que a intervenção política do então governo Lula não resolvesse.
A data de processamento do primeiro barril de petróleo da Rnest foi empurrada bem para frente na comparação com o calendário inicial. Nos arroubos dos eventos políticos, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a inauguração aconteceria em agosto de 2010 para presentear o governador Eduardo Campos, que completaria 45 anos. Pelo novo cronograma anunciado por Graça Foster, a festa vai ficar para depois do aniversário de 49 anos de Eduardo, em novembro de 2014.
Para acelerar a obra, com 57,5% executada, as empreiteiras tiveram que multiplicar o exército de trabalhadores. A previsão era que, no pico da construção, o total de operários chegasse a 30 mil. Hoje, esse número está em 44 mil e poderá alcançar 45 mil ao longo do ano. A Petrobras diz que as construtoras terão que arcar com esses custos, mas os reajustes nos preços dos contratos demonstram que a petrolífera cedeu.
Ontem, o presidente da refinaria, Marcelino Guedes, acompanhou de perto o cenário de guerra. "Conseguimos garantir a segurança das instalações da refinaria e também pedimos reforço da segurança para os profissionais da área administrativa", disse. Apesar de a Petrobras ser a dona da obra, ele afirmou que o conflito precisa ser resolvido entre as empreiteiras e os trabalhadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário