A Refinaria Abreu e Lima (Rnest) é o maior empreendimento individual da
história de Pernambuco, com orçamento estimado em US$ 20,1 bilhões. É
também a primeira unidade de refino construída pela Petrobras após 20
anos sem novos aportes do setor. Apesar do pioneirismo, a construção
carrega um histórico de entraves. Atrasos de cronograma, explosão dos
custos, conflitos trabalhistas e denúncias de irregularidades fizeram a
própria presidente da Petrobras Maria das Graças Foster disparar, em
declaração pública, que a Rnest "é uma história a ser aprendida e não
repetida".
O estopim de mais um movimento grevista poderá abrir
caminho para novas elevações de custos e atraso no início da operação da
refinaria. As empreiteiras vêm pressionando a Petrobras para reajustar
os valores dos contratos, apresentando a conta dos prejuízos das
paralisações e do preço da mão de obra (que reivindica benefícios
inclusive fora da data-base). Com o aquecimento das obras de construção
pesada no País, as empreiteiras fazem leilão e vencem a queda-de-braço
para ajustar os preços.
Desde o lançamento da pedra fundamental,
em setembro de 2005, a Abreu e Lima teve seu orçamento multiplicado por
dez, passando de iniciais US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. É
verdade que o projeto foi redimensionado, mas o custo está três vezes
acima na comparação com similares internacionais. O Tribunal de Contas
da União apontou irregularidades na obra, com denúncias de sobrepreço. O
TCU chegou a pedir a suspensão da construção, mas nada que a
intervenção política do então governo Lula não resolvesse.
A data
de processamento do primeiro barril de petróleo da Rnest foi empurrada
bem para frente na comparação com o calendário inicial. Nos arroubos dos
eventos políticos, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, afirmou que a inauguração aconteceria em agosto de 2010
para presentear o governador Eduardo Campos, que completaria 45 anos.
Pelo novo cronograma anunciado por Graça Foster, a festa vai ficar para
depois do aniversário de 49 anos de Eduardo, em novembro de 2014.
Para
acelerar a obra, com 57,5% executada, as empreiteiras tiveram que
multiplicar o exército de trabalhadores. A previsão era que, no pico da
construção, o total de operários chegasse a 30 mil. Hoje, esse número
está em 44 mil e poderá alcançar 45 mil ao longo do ano. A Petrobras diz
que as construtoras terão que arcar com esses custos, mas os reajustes
nos preços dos contratos demonstram que a petrolífera cedeu.
Ontem,
o presidente da refinaria, Marcelino Guedes, acompanhou de perto o
cenário de guerra. "Conseguimos garantir a segurança das instalações da
refinaria e também pedimos reforço da segurança para os profissionais da
área administrativa", disse. Apesar de a Petrobras ser a dona da obra,
ele afirmou que o conflito precisa ser resolvido entre as empreiteiras e
os trabalhadores.
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