do JC- Economia, 16/08/2012
NOVOS TEMPOS Greve em Suape vai marcar a história do Estado como exemplo de como a conjuntura social, de quase pleno emprego, se sobrepõe até a uma decisão judicial
O desfecho da greve na
Refinaria Abreu e Lima e Petroquímica Suape reflete o novo panorama do
mercado de trabalho em Pernambuco. O apagão de mão de obra qualificada e
o cenário de quase pleno emprego garante ao operário um poder de
barganha inimaginável até pouco tempo. A paralisação das obras em Suape
vai marcar a história do Estado como exemplo de como a conjuntura social
se sobrepõe até a uma decisão judicial. O presidente da Comissão de
Direito do Trabalho da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB) no Estado,
Paulo Collier, diz que o movimento aponta para um problema estrutural
que afeta Pernambuco e o País. "É uma questão de lei de oferta e
procura. Se as empresas não têm como substituir um contingente de
trabalhadores tão grande, porque não existe gente qualificada para isso,
então os trabalhadores se colocam numa posição elevada na negociação,
mesmo que a greve tenha sido considerada ilegal pela Justiça", analisa. NOVOS TEMPOS Greve em Suape vai marcar a história do Estado como exemplo de como a conjuntura social, de quase pleno emprego, se sobrepõe até a uma decisão judicial
Pelo menos num primeiro momento, as empresas deverão segurar as demissões. Depois de um cenário de campo de guerra não seria sensato voltar ao trabalho com cortes de pessoal antes do pagamento do salário do mês.
PAGAMENTO
Quarenta por cento do salário no bolso e mais um dia sem ônibus para ir às obras. Foi assim o dia de ontem dos operários da Rnest e PQS. Diante do pagamento, conforme prometido, do adiantamento quinzenal ontem, o clima que prometia azedar se normalizou. Praia, conversa jogada fora e bebida com os colegas de canteiro e república mais uma vez.
A manhã começou tensa. Operários faziam filas antes das 6h nos caixas eletrônicos da Praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, para checar se a "quinzena" havia sido paga. Pontualmente às 6h, os terminais foram ligados, seguidos de gritos de comemoração. Em uma agência do Bradesco, passou-se um minuto apenas para os trabalhadores que lotavam o pequeno imóvel ouvirem o contar das notas do terminal. "Peão está barão", gritou um mais empolgado. Foi o sinal de paz. Poucos trabalhadores ainda estavam insatisfeitos. "Recebi R$ 867 quando o certo é R$ 938", se queixou um empregado da Engevix, sem conseguir engrossar o coro para as reclamações.
Em um restaurante que fornece refeições a 10 empresas diferentes, em Gaibu, um cartaz colado com fita adesiva no balcão avisava os trabalhadores que, pelo segundo dia consecutivo, não haveria ônibus para levá-los às obras. Assim como na última terça-feira, o expediente só valeria para os funcionários da área administrativa e dos refeitórios, além de terceirizadas do segmento de serviços gerais. Mais uma vez, a polícia esteve na Rnest. Apenas por segurança. Os únicos operários que apareçam por lá foi um grupo de oito empregados da Alusa, que alegando desconhecer o aviso de que não haveria trabalho, pegaram carona no ônibus do administrativo, foram impedidos de entrar e não tinham como voltar para o o bairro recifense do Curado ou São Lourenço da Mata.
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